VATICANO - Mensagem do Santo Padre para o Dia Mundial da Paz 2009: “A luta contra a pobreza necessita de homens e mulheres que vivam profundamente a fraternidade e sejam capazes de acompanhar pessoas, famílias e comunidades em percursos de autêntico desenvolvimento humano”

Sexta, 12 Dezembro 2008

Cidade do Vaticano (Agência Fides) - Foi apresentada, no dia 11 de dezembro, na Sala de Imprensa da Santa Sé, a Mensagem do Papa para o 42º Dia Mundial da Paz, que será celebrado no dia 1º de janeiro de 2009, sobre o tema: “Combater a pobreza, construir a paz”. Retomando um tema já tratado pelo Papa João Paulo II em sua mensagem para o Dia Mundial da Paz -1993, Bento XVI ressalta que combater a pobreza requer uma atenta consideração do complexo fenômeno da globalização”. Isto não somente com a finalidade de utilizar o fruto de pesquisas conduzidas por economistas e sociólogos sobre tantos aspectos da pobreza, mas considerando também o significado espiritual e moral da globalização.
A coletiva de imprensa foi presidida pelo presidente do Pontifício Conselho da Justiça e da Paz, cardeal Renato Raffaele Martino, e pelo secretário do mesmo organismo, Dom Giampaolo Crepaldi. Em sua mensagem o papa convida a combater a pobreza no mundo a fim de construir a paz. “Para que isso se realize, é necessário mudar os estilos de vida, os modelos de produção e de consumo, as estruturas de poder estáveis que hoje sustentam as sociedades”, ressalta o pontífice.
O Santo Padre disse ainda que é preciso “abandonar um tipo de mentalidade que considera os pobres como um peso e inoportunos, como pessoas que pretendem consumir o que os outros produzem”. O papa sublinha que é preciso “olhar os pobres como pessoas que fazem parte do único projeto divino, ou seja, da vocação a construir uma única família”. Bento XVI denuncia o aumento da desigualdade entre ricos e pobres, a atual crise de alimentos, a desproporção existente entre os problemas da pobreza e as medidas estabelecidas para combatê-la, o aumento das despesas bélicas que causa uma corrida aos armamentos provocando subdesenvolvimento e desespero.
Além disso, a desigualdade tecnológica, a exclusão dos mercados mundiais e as dinâmicas de preços aumentam ainda mais a distância entre países ricos e pobres. O Papa sublinha que os países subdesenvolvidos, sobretudo, os países africanos, sofrem uma dupla marginalização, pois possuem baixas rendas e os preços de seus produtos agrícolas e de suas matérias primas aumentam lentamente em relação aos produtos industrializados dos países ricos. Em sua mensagem, o Santo Padre manifesta preocupação em relação a certas doenças como a malária, a tuberculose e a AIDS que afetam, sobretudo, os países mais pobres. “A comunidade internacional faz ainda muito pouco para combater tais doenças e os países atingidos são obrigados, por causa das ajudas econômicas, a recorrer a formas de políticas contrárias à vida”, disse o papa. Em relação à AIDS o papa convida a promover campanhas que eduquem, sobretudo, os jovens a uma sexualidade que respeite a dignidade da pessoa humana.
A mensagem do Santo Padre critica as campanhas de redução de nascimentos, realizadas em nível internacional, através de métodos que não respeitam a vida humana, a dignidade da mulher e o direito dos pais de escolherem responsavelmente o número de filhos. “O extermínio de milhões de nascituros, em nome da luta contra a pobreza, é na realidade a eliminação de mais pobres”, ressalta o pontífice. O Santo Padre sublinha também o fato de que nos últimos anos saíram da pobreza os países caracterizados por um notável crescimento demográfico entrando no cenário internacional como novas potências econômicas por causa de seu elevado número de habitantes. O papa ressalta ainda que quase a metade dos pobres no mundo são crianças e convida a defender a família, pois quando a família se enfraquece as conseqüências caem sobre as crianças. O papa convida a considerar prioritárias aqueles objetivos que interessa diretamente as criança: cuidar das mães, empenho educativo, acesso à vacinação, a curas médicas e a água potável, a salvaguarda do ambiente, empenho em defender a família e a estabilidade das relações em seu interior. Bento XVI expressa preocupação pelo “atual nível global de despesas militares” que tira as reservas que poderiam ser destinadas ao desenvolvimento dos povos e chama os Estados “a uma séria reflexão sobre as profundas razões dos conflitos, muitas vezes alimentados pela injustiça.
O Santo Padre finaliza sua mensagem afirmando que a globalização deve ser guiada pelo princípio da solidariedade porque sozinha é incapaz de construir a paz e em muitos casos cria somente divisões e conflitos. “A luta contra a pobreza necessita de homens e mulheres que vivam profundamente a fraternidade, vendo nos pobres o rosto de Cristo. Se melhoram as relações isso ajudará na redução das despesas empregadas em armamentos... o empenho em tal sentido é um compromisso pela paz dentro da família humana”, ressaltou o Papa.
O Pontífice disse ainda em sua mensagem sobre o tema da luta contra a pobreza e a solidariedade global e contém sérias reflexões e propostas sobre temas relativos da globalização, sobre o comércio internacional, sobre a economia e sobre a atual crise financeira, além da exigência de uma liderança mundial em vista da solidariedade. “Uma das estradas para a construção da paz, disse o papa, é uma globalização finalizada a interesses da grande família humana. Para governar a globalização ocorre um grande solidariedade global entre países ricos e pobres, e dentro de cada país. A globalização elimina algumas barreiras, mas isso não significa que não se pode construir outras novas; aproximar os povos, mas a proximidade espaço e tempo não cria as condições para uma verdadeira comunhão e uma autêntica paz. A marginalização dos pobres do planeta pode encontrar válidos instrumentos de resgate na globalização somente se cada pessoa se sentir pessoalmente ferida pela injustiça existente no mundo e das violações dos direitos humanos a ele conexas”. Santo Padre ressalta em sua mensagem que a globalização deve ser guiada pelo princípio da solidariedade porque sozinha é incapaz de construir a paz e em muitos casos cria somente divisões e conflitos. “A luta contra a pobreza necessita de homens e mulheres que vivam profundamente a fraternidade e sejam capazes de acompanhar pessoas, famílias e comunidades em percursos de autêntico desenvolvimento humano”, disse ainda o Papa.
A mensagem evidencia também a fragilidade das finanças: “As recentes crises mostram como a atividade financeira seja as vezes guiada por lógicas puramente auto-referenciais e sem nenhuma consideração pelo bem comum. Os objetivos das finanças a breve termo reduz a capacidade das finanças de realizar a sua função de ponte entre o presente e o futuro, em apoio da criação de novas oportunidades de produção e de trabalho a longo prazo.
Na conclusão, o Santo Padre sublinha que “no atual mundo global é sempre mais evidente que se construa a paz somente se é assegurado a todos a possibilidade de um crescimento racional: aas distorções de sistemas injustos, antes ou depois, apresentam a conta para todos. Somente o medíocre pode construir uma casa dourado rodeada pelo deserto ou pela degradação”. Bento XVI faz um apelo: “A cada discípulo de Cristo, como também a toda pessoa humana faço convido no início de um novo ano a abrir os corações aos mais necessitados e a fazer o que for concretamente possível para ajudá-los”. (S.L.) (Agência Fides 12/12/2008)


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