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Cidade do Vaticano (Agência Fides) – Foi centralizado na herança espiritual do grande reformador São Pedro Damião, a alocução que o Santo Padre Bento XVI dirigiu aos professores e aos estudantes da Universidade de Parma, recebidos em audiência no dia 1° de dezembro, “a fim de celebrar sua fundação” inspirando-se em São Pedro Damião, originário de Parma, de quem a Igreja celebrou recentemente o milenário de seu nascimento.
Citando a carta enviada à Congregação dos Monges Camaldoleses no ano passado, o Papa lembrou de ter evidenciado como a seja “particularmente válido para o nosso tempo a característica central da personalidade, ou seja, que São Pedro Damião realizou a síntese entre vida eremítica e a atividade eclesial, isto é, ele conseguiu encontrar uma harmonia entre os dois pólos fundamentais da existência humana: a solidão e a comunhão. As novas gerações, disse o papa, estão hoje fortemente expostas a um dúplice risco, devido principalmente à difusão das novas tecnologias informáticas: de um lado, o perigo de reduzir sempre mais a capacidade de concentração e de aplicação mental no plano pessoal; de outro, o isolamento individual em uma realidade sempre mais virtual. "Assim, a dimensão social se disperde em mil fragmentos, enquanto a dimensão pessoal se fecha em si mesma e tende a impedir construtivas relações com o outro e o diferente de si. A universidade, ao invés, por sua natureza, vive justamente do equilíbrio virtuoso entre o momento individual e o momento comunitário, entre a pesquisa e a reflexão de cada um e a compartilha e o confronto aberto aos outros.
Bento XVI ressaltou que “a nossa época, continuou o pontífice, é marcada por incertezas, pela falta de princípios unificantes. Os estudos universitários, sem dúvida, deveriam contribuir a qualificar o nível formativo da sociedade, não somente no plano da pesquisa científica, mas também na oferta aos jovens da possibilidade de amadurecer intelectualmente, moralmente e civilmente, confrontando-se com os grandes interrogativos que interpelam a consciência do homem contemporâneo”, afirmou. São Pedro Damião está entre os grandes “reformadores”da Igreja depois do ano mil e perguntando-se sobre “o genuíno conceito de reforma”, o pontífice sublinhou: “toda autêntica reforma deve ser primeiramente espiritual e moral, deve partir das consciências. Muitas vezes hoje, também na Itália se fala de reforma universitária. Penso que, permanece sempre válido este ensinamento: Qualquer modificação estrutural ou técnica, em qualquer âmbito, só é eficaz se for acompanhada de um sério exame de consciência da parte dos responsáveis em todos os níveis, sobretudo dos professores, dos estudantes, pessoas dos setores técnico e administrativo. "Se quisermos que um ambiente humano melhore em qualidade e eficiência, é preciso, primeiramente, que cada um comece reformando a si mesmo, corrigindo aquilo que pode prejudicar o bem comum ou, de alguma maneira, impedi-lo.
Ainda sobre a reforma, o papa acrescentou outro conceito: a liberdade. São Pedro Damião queria que a Igreja se tornasse livre, no plano espiritual e no plano histórico. Analogamente, a validade de uma reforma da Universidade não pode que se confrontar com a liberdade: a liberdade de ensino, liberdade de pesquisa, liberdade de instituição acadêmica em relação aos poderes econômicos e políticos. Isto não significa isolamento da Universidade da sociedade, nem o prosseguimento de interesses privados aproveitando das reservas públicas. Não é esta a liberdade cristã! “Segundo o Evangelho e a tradição da Igreja, realmente livre é a pessoa, a comunidade ou a instituição que responde plenamente à própria natureza e ao próprio fim, e a vocação da Universidade é a formação científica e cultural das pessoas para o desenvolvimento de toda a comunidade social e civil” (S.L.) (Agência Fides 2/12/2008)
