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Bruxelas (Agência Fides) – O drama dos trabalhadores clandestinos, os chamados “sans-papiers” (sem documentos) emergiu em toda a sua dramaticidade também na Bélgica, onde um imigrante irregular que protestava, no alto de um guindaste em uma obra em Bruxelas, caiu e se feriu de modo grave, depois de um vôo de cerca de 10 metros.
O homem, que está hospitalizado, não corre risco de vida. O trabalhador caiu enquanto tentava descer, depois de seis horas de negociações com a polícia. Este é o primeiro incidente desde o início do protesto que há tempos vê como protagonistas os sans-papiers da Bélgica, que para obter um visto temporário de permanência, escalaram os guindastes, até uma altura de 80 metros, em sinal de protesto.
Nos dias passados, graças a uma sentença do tribunal, um grupo de 25 sans-papiers foi convencido a abandonar 3 guindastes em obras que haviam ocupado no centro de Bruxelas. Na capital belga, existem outros dois canteiros ainda ocupados por um número impreciso de imigrantes, que com o protesto, esperam obter a renovação temporária (outros nove países) do visto de permanência. Em todo o país, os estrangeiros sem documento são entre 100 mil e 150 mil.
O problema destas pessoas é uma questão de vontade política. Segundo uma rede de advogados belgas (“Progress Lawyers Network”) “bastam duas horas de trabalho jurídico e 5 minutos de coragem política” para emitir uma circular que regularize os “sans-papiers”. O sistema político belga está paralisado por causa dos fortes contrastes regionais e o problema destas pessoas parece ter passado para segundo plano.
Os Bispos de Bélgica intervieram em sua defesa, convidando todos ao respeito dos valores fundamentais das pessoas. “A crise política que nosso país atravessa não deve deixar esquecer o desespero dos muitos imigrantes sem visto de permanência” – declarou o Cardeal Godfried Danneels, Arcebispo de Mechelen-Brussel e Presidente da Conferência Episcopal da Bélgica. O Cardeal se dirigiu ao mundo político, solicitando “uma política de regularização realista, justa e generosa”.
A Igreja católica é há tempos aliada dos imigrantes irregulares na Bélgica. Em 2006, por exemplo, os Bispos lançaram um apelo aos sans-papiers a fim de que interrompessem as ocupações em igrejas e a greve da fome convocada por cerca de 150 ilegais que pediam a regularização no país. “Os Bispos afirmaram “que compreendiam o desespero daqueles que optam por este gesto”, mas consideram esta forma de protesto ‘moralmente inaceitáveis” por causa dos riscos para a saúde. Ao mesmo tempo, os Bispos convidaram os responsáveis das paróquias ocupadas a “não recorrerem às forças da ordem, se não em casos de extrema urgência sanitária”.
(L.M.) (Agência Fides 31/7/2008)
