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Cidade do Vaticano (Agência Fides) – “De que maneira a solidariedade e o subsídio podem trabalhar juntos na busca do bem comum de forma a não só respeitar a dignidade humana, mas que lhe permita também prosperar?” É a questão central dos trabalhos da XIV Sessão Plenária da Pontifícia Academia das Ciências Sociais – que acontece no Vaticano de 2 a 6 de maio com o tema "Buscar o bem comum: como solidariedade e subsídio podem trabalhar juntos" – que foi proposto novamente pelo Santo Padre Bento XVI na audiência concedida no dia 3 de maio aos participantes da Plenária.
A partir de uma análise atenta do significado dos termos se apreende que “a dignidade humana é um valor intrínseco da pessoa, criada a imagem e semelhança de Deus e remida em Cristo – explicou o Papa -. O conjunto das condições sociais, que permitem às pessoas se realizarem coletivamente e individualmente, é o bem comum. A solidariedade é a virtude que permite à família humana compartilhar em plenitude o tesouro dos bens materiais e espirituais e o subsídio é a coordenação das atividades da sociedade em apoio à vida no interior das comunidades locais”. Estas definições, continuou o Papa, “podem ser incluídas adequadamente somente se estiverem ligadas organicamente umas às outras e consideradas de apoio recíproco”.
“A solidariedade que une a família humana e os níveis de subsídio que a reforçam no seu interior – afirmou Bento XVI – devem ser postos sempre no horizonte da vida misteriosa do Deus Uno e Trino, em que percebemos o amor inefável compartilhado por pessoas iguais, apesar de distintas”. Sendo assim, “os princípios de solidariedade e de subsídio são, sem dúvida, enriquecidos pela nossa crença na Trindade”, mas, principalmente, “esses princípios têm o potencial de colocar homens e mulheres no caminho que conduz à descoberta de seu destino último e sobrenatural… Conseqüentemente, a responsabilidade dos cristãos no trabalho pela paz e pela justiça e o seu empenho irrevogável para o bem comum são inseparáveis de sua missão de proclamar o dom da vida eterna, para a qual Deus chamou cada homem e cada mulher”.
Analisando os princípios de solidariedade e de subsídio à luz do Evangelho, o Santo Padre destacou que eles não são simplesmente “horizontais”, mas possuem uma essencial dimensão vertical: “Jesus nos exorta a fazer para os outros aquilo que gostaríamos fosse feito por nós, a amar o nosso próximo como a nós mesmos … Nesse sentido, a solidariedade autêntica, apesar de começar com o reconhecimento do igual valor do outro, se efetiva somente quando ponho voluntariamente a minha vida a serviço do outro. Esta é a dimensão ‘vertical’ da solidariedade: sou motivado a me fazer menos do que o outro para satisfazer as suas necessidades… Do mesmo modo, o subsídio, que encoraja homens e mulheres a estabelecer livremente relações como doadores de vida aos que lhes estão mais próximos e dos quais são mais diretamente dependentes, e que exige das mais altas autoridades o respeito a essas relações, manifesta uma dimensão ‘vertical’ voltada para o Criador da ordem social… Quando os responsáveis pelo bem comum respeitam o natural desejo humano de autogoverno baseado no subsídio deixam espaço para a responsabilidade e a iniciativa individuais, mas, principalmente, deixam espaço para o amor, que permanece sempre como o ‘melhor caminho de todos’. Ao revelar o amor do Padre, Jesus ensinou-nos não só a viver como irmãos e irmãs aqui na terra, mas também que ele próprio é o caminho na direção da comunhão perfeita entre nós e com Deus no mundo que virá”. Concluindo o seu discurso, o Pontífice exortou “a conhecer as dimensões ‘vertical’ e ‘horizontal’ da solidariedade e do subsídio”, a fim de “propor modalidades mais eficazes para resolver os múltiplos problemas que afligem a humanidade no início do terceiro milênio”. (S.L.) (Agência Fides 5/5/2008)
