VATICANO - Papa Bento XVI aos Estados Unidos ’America - “La proclamazione della vita, della vita in abbondanza, deve essere il cuore della nuova evangelizzazione”

Segunda, 21 Abril 2008

Nova York (Agência Fides) - “A proclamação da vida, da vida em abundância, deve ser o coração da nova evangelização. Visto que a verdadeira vida - a nossa salvação - pode ser encontrada somente na reconciliação, na liberdade e no amor, que são dons gratuitos de Deus. É esta a mensagem de esperança que somos chamados a anunciar e a encarnar em um mundo no qual o egocentrismo, a avidez, a violência, e o cinismo parecem tantas vezes sufocar o frágil aumento da graça no coração das pessoas” Este foi o apelo lançado pelo Santo Padre Bento XVI lançou durante a homilia da Santa Missa votiva pela Igreja universal, celebrada na Catedral de São Patrício, em Nova York, sábado, 10 de abril.
Inspirando-se na estrutura da Catedral, o Papa propôs algumas reflexões sobre as vocações particulares no âmbito da unidade do Corpo místico. “O primeiro aspecto se refere aos vitrôs com vitrais historiados que inundam o ambiente interior com uma luz mística. Visto a partir de fora, estes vitrôs parecem escuros, carregados e até lúgubres. Mas, quando se entra no templo, de improviso tomam vida; ao refletir a luz que os atravessa revelam todo seu esplendor. Muitos escritores - aqui na América podemos lembrar Nathaniel Hawrhoerne - usaram a imagem destes vitrais historiados para ilustrar o mistério da própria Igreja. Somente a partir de dentro, da experiência de fé, da experiência de fé e de vida eclesial, é como vemos a Igreja tal como verdadeiramente é: cheia de graça, esplendorosa por sua beleza, adornada por múltiplos dons do Espírito. Uma conseqüência disto é que nós, que vivemos a vida de graça na comunhão da Igreja, somos chamados a atrair para dentro deste mistério de luz a todas as pessoas.
Não é um compromisso fácil em um mundo que é propenso a ver a Igreja «a partir de fora», da mesma forma que àqueles vitrôs: um mundo que sente profundamente uma necessidade espiritual, mas que acha difícil «entrar no» mistério da Igreja. Também para alguns de nós, a partir de dentro, a luz da fé pode se enfraquecer pela rotina e o esplendor da Igreja pode ser ofuscado pelos pecados e as fraquezas de seus membros. O ofuscamento pode ser originado pelos obstáculos encontrados em uma sociedade que, às vezes, parece ter esquecido Deus e irrita-se diante das exigências mais elementares da moral cristã. Vocês, que consagraram sua vida para dar testemunho do amor de Cristo e para a edificação de seu Corpo, sabem por seu contato diário com o mundo que nos rodeia, quantas vezes se sente a tentação de ceder à frustração, à desilusão e até mesmo ao pessimismo sobre o futuro. Em uma palavra: nem sempre é fácil ver a luz do Espírito ao nosso redor, o esplendor do Senhor ressuscitado que ilumina nossa vida e infunde nova esperança em sua vitória sobre o mundo
”. Bento XVI inspirou-se ainda na arquitetura da igreja, que " Como todas as catedrais góticas, tem uma estrutura muito complexa, cujas proporções precisas e harmoniosas simbolizam a unidade da criação de Deus. Os artistas medievais sempre representavam Cristo, a Palavra criadora de Deus, como um «arquiteto» celestial com o compasso nas mãos, que ordena o cosmos com infinita sabedoria e determinação. Esta imagem, não nos faz pensar talvez na necessidade de ver todas as coisas com os olhos da fé para, deste modo, poder compreendê-las em sua perspectiva mais autêntica, na unidade do plano eterno de Deus? Isto requer, como sabemos, uma contínua conversão e o esforço de «renovarmos no espírito de nossa mente» (cf. Ef 4,23) para conseguir uma mentalidade nova e espiritual. Exige também o desenvolvimento daquelas virtudes que fazem cada um de nós capaz de crescer em santidade e dar frutos espirituais no próprio estado de vida. Esta constante conversão «intelectual», acaso não é tão necessária como a conversão «moral» para nosso crescimento na fé, para nosso discernimento dos sinais dos tempos e para nossa contribuição pessoal à vida e missão da Igreja?
Uma das grandes desilusões que seguiram ao Concílio Vaticano II, com sua exortação a um maior compromisso na missão da Igreja para o mundo, penso que tenha sido para todos nós a experiência de divisão entre diferentes grupos, distintas gerações e diversos membros da mesma família religiosa. Podemos avançar só se fixamos juntos nosso olhar em Cristo! Com a luz da fé descobriremos então a sabedoria e a força necessárias para abrirmo-nos a pontos de vista que nem sempre coincidem totalmente com nossas idéias ou nossas suposições. Assim podemos valorizar os pontos de vista de outros, sejam mais jovens ou mais velhos que nós, e escutar, por fim, «o que o Espírito nos diz» e diz à Igreja (cf. Ap 2,7). Deste modo, caminharemos juntos à verdadeira renovação espiritual que queria o Concílio, a única renovação que pode reforçar a Igreja na santidade e na unidade indispensável para a proclamação eficaz do Evangelho no mundo de hoje
” a este ponto, o Papa voltou a falar do abuso sexual, com estas palavras: " Agora desejo expressar-lhes sinceramente, queridos sacerdotes e religiosos, minha proximidade espiritual, ao mesmo tempo que tratem de responder com esperança cristã aos contínuos desafios surgidos por esta situação. Sinto-me unido a vocês rezando para que este seja um tempo de purificação para cada um e para cada Igreja e comunidade religiosa, e também um tempo de cura. Animo-lhes também a colaborar com seus Bispos, que continuam trabalhando eficazmente para resolver este problema”.
A última observação do Pontífice se referiu à unidade da catedral gótica, que nascida da tensão dinâmica de diferentes forças que empurram a arquitetura para cima, orientândo-a ao céu. Aqui podemos ver também um símbolo da unidade da Igreja que é - como nos disse São Paulo - unidade de um corpo vivo composto por muitos elementos diferentes, cada um com sua própria função e sua própria determinação. Aqui vemos também a necessidade de reconhecer e respeitar os dons de cada membro do corpo como «manifestação do Espírito para proveito comum» (1 Cor 12,7). Certamente, na estrutura da Igreja querida por Deus há que se distinguir entre os dons hierárquicos e os carismáticos (cf. Lumen gentium, 4). Mas precisamente a variedade e riqueza das graças concedidas pelo Espírito nos convidam constantemente a discernir como estes dons têm que estar inseridos corretamente no serviço da missão da Igreja”. O Papa exortou: Se temos que ser autênticas forças de unidade, esforcemo-nos então em ser os primeiros a buscar uma reconciliação interior através da penitência! Perdoemos as ofensas padecidas e dominemos todo sentimento de raiva e de confronto! Esforcemo-nos em ser os primeiros a demonstrar a humildade e a pureza de coração necessárias para nos aproximar do esplendor da verdade de Deus! Em fidelidade ao depósito da fé confiado aos Apóstolos (cf. 1 Tm 6,20), esforcemo-nos em ser testemunhas alegres da força transformadora do Evangelho”
Bento XVI convidou os jovens a ser " sejam também os primeiros amigos do pobre, do prófugo, do estrangeiro, do enfermo e de todos os que sofrem! Atuem como faróis de esperança, irradiando a luz de Cristo no mundo e animando os jovens a descobrirem a beleza de uma vida entregue inteiramente ao Senhor e a sua Igreja! Dirijo este chamado de modo especial aos numerosos seminaristas e jovens religiosas e religiosos aqui presentes. Cada um de vocês tem um lugar particular em meu coração. Não se esqueçam nunca que estão chamados a levar adiante, com todo o entusiasmo e a alegria que lhes dá o Espírito, uma obra que outros começaram, um patrimônio que um dia vocês terão que passar também a uma nova geração. Trabalhem com generosidade e alegria, porque Aquele a quem servem é o Senhor!
As águas das torres da catedral de São Patrício foram muito superadas pelos aranha-céus do tipo de Manhattan; contudo, no coração esta metrópole agitada elas são um sinal vivo que recorda a constante nostalgia do espírito humano de elevar-se até Deus. Nesta Celebração eucarística queremos agradecer ao Senhor porque nos permite reconhecê-lo na comunhão da Igreja e colaborar com Ele, edificando seu Corpo Místico e levando sua palavra salvadora como boa nova aos homens e mulheres de nosso tempo. E depois, quando saiamos deste grande templo, caminhemos como mensageiros da esperança em meio a esta cidade e em todos aqueles lugares onde nos colocou a graça de Deus. Deste modo a Igreja na América conhecerá uma nova primavera no Espírito e indicará o caminho àquela outra cidade maior, a nova Jerusalém, cuja luz é o Cordeiro
”. No final da Santa Missa, o Santo Padre, improvisando, agradeceu todos por seu amor à Igreja e a Nosso Senhor, agradecendo-os por doarem seu amor "também ao pobre Sucessor de São Pedro Com toda minha pobreza espiritual, também posso ser agora, por graça do Senhor, o Sucessor de Pedro. Certamente as orações e o amor de vocês são o que me dá a certeza de que o Senhor me ajudará em meu ministério.”
(S.L.) (Agência Fides 21/4/2008)


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