ÁFRICA - O aumento do preço do arroz atinge também os países africanos, além dos asiáticos

Sexta, 4 Abril 2008

Roma (Agência Fides)- Com o forte aumento do preço e a menor disponibilidade de outros cereais básicos, o arroz pode fazer eclodir novos protestos em diversos países africanos, onde a tensão é já alta pelo aumento dos preços do grão e dos carburantes. Um dos maiores produtores africanos de cereais, o Egito, anunciou a suspensão das exportações de arroz para enfrentar a forte demanda do mercado interno e evitar novos aumentos de preços, que provocaram protestos por parte das categorias mais pobres da população. A Índia, terceiro exportador mundial de arroz, bloqueou a exportação de todas as qualidades de arroz, com exceção do precioso basmati, apreciado pelos paladares mais refinados de todo o mundo, mas cujo preço, elevado, torna impossível sua utilização por parte dos africanos. A causa da redução da produção indiana de arroz deriva das fortes inundações que atingiram diversos Estados da Federação. A Índia, que era exportador, tornou-se importador de arroz e de outros gêneros alimentares, contribuindo para aumentar seu preço. A onda de gelo que atingiu a China no último inverno contribuiu para agravar o problema.
A forte redução de reservas de arroz nos mercados internacionais acompanha-se de especulações que contribuem ao forte aumento dos preços. A crise atinge, primeiramente os países asiáticos, para os quais, o arroz é alimento básico, assim como diversos países africanos já duramente provados pelo aumento do preço do grão. No Chicago Board of Trade (CBOT), máxima bolsa mundial de cereais, o frumento, em um ano, teve seu preço aumentado em 123%. Conseqüentemente, a demanda de arroz aumentou, para compensar a reduzida disponibilidade do produto. Trata-se de uma crise que se auto-alimenta, porque quando um país decide suspender as exportações de arroz e cereais, a especulação entra em ato para aumentar o custo além do devido. O problema é que os preços do arroz, do grão e do petróleo dependem não apenas de quem efetivamente produz o produto, mas das bolsas de mercadorias (o CBOT para os grãos, as bolsas petrolíferas de Nova York e Londres para os hidro-carburantes), sujeitos a fortes movimentos especulativos.
As populações mais carentes dos países africanos são as primeiras a pagar. Protestos pelo aumento do custo de vida verificaram-se em Marrocos, Mauritânia, Guiné, Senegal e Costa do Marfim (veja Fides 1/4/2008). Na África Central, um dos países mais pobres do mundo, os gêneros de primeira necessidade aumentaram em 50%, e em alguns casos, em 100%, enquanto os funcionários públicos não recebem salários há meses. Uma situação explosiva, em um Estado que recentemente viu a população sair às ruas para protestar contra a redução dos salários e o aumento do custo de vida.
(L.M.) (Agência Fides 4/4/2008)


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