Órgão de Informação das Pontifícias Obras Missionárias desde 1927
Cidade do Vaticano (Agência Fides) - Da América à Europa, passando pela China - como recordaram as meditações da Vida Sacra no Coliseu escritas pelo Arcebispo de Hong Kong - a política observa os católicos: se não temem em manifestar seu pensamento sobre o homem e as grandes questões éticas ou se limitam a genéricas declarações sobre os valores. O resultado é contrastante: no Oriente, são perseguidos, no Ocidente, são homologados até tornarem-se insignificantes. Dois êxitos opostos e conseqüentes à atenção ou não ao ensinamento vigente da Igreja.
Se os primeiros cristãos se fossem emancipados do ensinamento apostólico, ninguém o teria notado, no império romano, e em breve, teriam desaparecido. O que o impediu? Todos conhecemos o célebre versículo dos Atos dos Apóstolos, que descreve, em síntese, sua vida: “Eram assíduos ao escutar o ensinamento dos apóstolos e na união fraterna, na fração do pão e nas orações” (2,42).
Aos católicos, incumbe, em todas as gerações, o dever de “ser assíduos ao escutar a doutrina apostólica e de “perseverar” na vida: quer dizer, encarná-la e anunciá-la em todos os tempos e lugares, nos modos adequados à profissão de cada um, sempre a mantendo com fidelidade, na forma em que foi recebida.
A assiduidade da comunidade cristã das origens “em escutar o ensinamento dos apóstolos”, evoca, conseqüentemente, o tema da recepção do Magistério da Igreja atual. É preciso reconhecer um grande aumento da atenção, também de muitos leigos e não cristãos, a seus pronunciamentos sobre diversas matérias concernentes à fé e à razão; todavia, é preciso questionar-se sobre seu efeito, ou, como se diz, que nível de recepção, ou seja, como a consciência dos fiéis se deixa iluminar e formar o ensinamento dos Sucessores dos Apóstolos, o Bispo de Roma e outros Bispos em comunhão com ele; até que ponto o Magistério vivo é assumido como a Palavra de Deus atualizada à qual submeter-se com obséquio, pois fornece o critério essencial de juízo com o qual enfrentar as coisas, todas as realidades pessoais e comunitárias; ou seja, se o conhecimento do fiel tende a ser eclesial ou permanecer privada, até mesmo entre o pensamento de Cristo e o pensamento do mundo, entre a pertença eclesial e a conformação à moda cultural vigente.
O texto dos Atos fala de “ensinamento”, no singular, justamente para destacar a unidade doutrinal fundamental da Igreja, contra toda forma de relativismo que quer reduzir o ensinamento a opinião, de democratismo que o quer submeter ao juízo da maioria. Não é um mistério que, na padronização da comunicação, diretamente proporcional ao aumento do número de informações, que exista uma tentativa de emancipar-se do Magistério eclesial, em especial de parte dos católicos que desta forma, se julgam “adultos”, quando deveriam permanecer sempre como crianças espirituais (cfr. 1Pt 1,14; 2,2).
Este fenômeno é observado especialmente no acolhimento do Magistério Pontifício: o “ensinamento dos apóstolos”, como se sabe, é crível na medida em que se desempenha em plena comunhão com o do apóstolo Pedro e de seus sucessores. Com exceção de todas as conhecidas distinções canônicas sobre níveis do Magistério e o consenso que lhe é devido, permanece o fato que, segundo o comum sensus fidei do povo de Deus, o magistério do Papa não é qualificável em nenhum caso como uma das opiniões da Igreja, mas constitui o critério de prova para a autenticidade do ensinamento de um Bispo ou de uma Conferência episcopal. O Magistério do Papa expressa, em resumo, o autêntico pensamento da Igreja e com ele, todos os católicos engajados, em qualquer campo, são chamados a confrontar-se, para continuar a ser como os primeiros cristãos “assíduos na escuta do ensinamento dos apóstolos”.
Disto depende a incidência ou não, na vida social e política do mundo: ser como o sal para preservar o mundo da corrupção ou tornarem-se insípidos e ser esmagados por ele.
(Agência Fides 28/3/2008)
