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La Paz (Agência Fides) - “Os últimos acontecimentos de indiscutível violência, por obra de alguns setores, contra o Parlamento Nacional, manifestam bem a gravidade do momento. Acreditamos que representem uma ameaça séria aos fundamentos da democracia e da vida institucional do País”. É o que afirmam os Bispos da Bolívia após a crise política que afeta o País. Ontem, 28 de fevereiro, o partido do Presidente Evo Morales aprovou a realização de dois referendos, em 4 de maio, para obter a aprovação de seu projeto constitucional. A sessão do Congresso foi realizada sob protestos inflamados da oposição e registrou a ausência de vários deputados que não conseguiram participar da sessão. Os parlamentares do Movimento governativo Al Socialismo (MAS) votaram em poucos minutos, levantando a mão e sem debate. Outros parlamentares não conseguiram entrar no local porque às portas do Congresso havia um grupo de uma centena de agricultores, indígenas e mineradores que chegaram a agredir os membros da oposição.
Um dos referendos permitirá estabelecer se a extensão dos latifúndios expropriáveis será de 5.000 ou 10.000 hectares, um tema que não foi definido na Assembléia Constituinte do ano passado. O outro referendo diz respeito à proposta da Carta constitucional que, segundo a oposição, representa a visão somente da metade da população e foi rejeitada pelos líderes políticos de seis dos nove departamentos do País, uma vez que considera ilegal a sua aprovação durante a Assembléia Constituinte do último mês de dezembro. O Congresso também aprovou uma terceira norma que lhe dá poder exclusivo quanto à convocação dos referendos departamentais; este procedimento procura impedir a consulta autônoma da região de Santa Cruz, marcada pelas autoridades para 4 de maio, e a de Beni, marcada para 1 de junho.
Em seu comunicado os Bispos rejeitam com ênfase os ultrajes à integridade física: “O desprezo pelo valor da vida e o exercício irresponsável da pressão, ocupando e cercando indevidamente o palácio legislativo, instituição representativa do País e local fundamental da vida democrática, devem nos fazer questionar sobre o destino e sobre o futuro do nosso País”. Dirigem portanto um apelo aos responsáveis pela nação e aos líderes políticos “para preservarem o valor da vida, a liberdade individual e a cultura democrática”, deixando de lado “a manipulação dos grupos sociais usada para impor com a força visões e projetos políticos setoriais”. Ao mesmo tempo pedem a todos “que optem responsavelmente pelo caminho do diálogo, o respeito à vida, aos direitos e à liberdade individual”.
“Convidamos o nosso povo fiel a reanimar a sua fé e a orar fervorosamente para que a serenidade e a consciência responsável sejam postas a serviço do bem comum favorecendo o respeito e a tolerância entre todos os bolivianos” conclui o comunicado. (RG) (Agência Fides 29/2/2008)
