VATICANO - Pessoas consagradas e leigos juntos na grande aventura da educação cristã: apresentado o novo documento da Congregação para a Educação Católica

Quarta, 21 Novembro 2007

Cidade do Vaticano (Agência Fides) - O objetivo do documento “Educar juntos na escola católica. Missão compartilhada por pessoas consagradas e fiéis leigos”, da Congregação para a Educação Católica, é “oferecer idéias de reflexão sobre a missão educativa compartilhada por pessoas consagradas e fiéis leigos na escola católica. O documento parte daquilo que já é feito no campo da missão educativa compartilhada, quer ter caráter propositivo e encorajar a formação e a projetualidade dos fiéis leigos e das pessoas consagradas no campo educativo e escolar católico”. Com essas palavras, o Card. Zenon Grocholewski, Prefeito da Congregação para a Educação Católica (dos Seminários e dos Institutos de Estudos), apresentou o documento em 20 de novembro, na Sala de Imprensa da Santa Sé.
Mais de um bilhão de jovens em idade escolar, 58 milhões são os professores, aos quais se acrescentam os funcionários não-docentes, recordou o Cardeal. As instituições escolares da Igreja contam mais de 250.000 escolas, com cerca de 42 milhões de alunos. Milhares são os professores católicos, entre os quais muitas pessoas consagradas, que desempenham sua missão educativa em numerosas escolas do Estado.
“Ao lado da amplidão da escola, deve-se sinalizar também o crescente interesse aos temas da educação por parte da opinião pública e da comunidade internacional”, destacou o Card. Grocholewski, evidenciando os elementos comuns do panorama educativo contemporâneo: o fenômeno da globalização, não somente econômica, mas também cultural, política e educativa; a aplicação das novas tecnologias, a informatização difundida, a rapidez das comunicações; as problemáticas relacionadas ao ambiente e as questões da bioética.
Todavia, não faltam sinais preocupantes: de fato, o contexto hodierno da escola é marcado por um profundo mal-estar. Além de uma “difundida fadiga por parte dos professores, que se sentem desmotivados e vêem frustrada sua tarefa educacional”, o Cardeal sinalizou o aumento da violência na escola e entre os adolescentes, e as dificuldades das famílias a serem parte ativa da comunidade educativa escolar. “Além do mais, assiste-se a uma perda de sentido da educação estreitamente relacionada à perda dos valores, sobretudo daqueles que amparam as escolha de vida: a família, o trabalho e as escolhas morais. Assim, a educação também sofre dos males que afligem as nossas sociedades: o difundido subjetivismo, o relativismo moral e o niilismo. A tradição pedagógica católica reitera com força a centralidade da pessoa humana no percurso educativo”.
“A correta educação das crianças e dos jovens é uma questão de extrema importância para o bem da Igreja e da humanidade, para formar um mundo melhor”, destacou ainda o Card. Grocholewski, exortando os religiosos e os leigos a colaborar, em uma harmônica integração, no cuidado da educação das novas gerações.
Mons. Angelo Vincenzo Zani, Subsecretário da mesma Congregação, recordou na sua intervenção que “a escola católica atua em todas as áreas geográficas, também naquelas onde não há liberdade religiosa, ou que são socialmente e economicamente mais desfavorecidas, com surpreendente capacidade de responder às emergências e às necessidades formativas, apesar de, às vezes, existirem grandes dificuldades”. A esse propósito, citou uma série de exemplos de tal presença. No Líbano, o programa da escola católica tem como objetivo principal levar os jovens ao diálogo e à colaboração entre muçulmanos e cristãos. Em algumas áreas do país, os não-católicos são 99% dos alunos das escolas católicas. No Nepal, onde a maioria da população é hinduísta, em 2004 o rei conferiu um prêmio de benemerência a dois missionários, pelo compromisso no campo da instrução, pelas contribuições dadas à vida social, econômica, cultural e ao progresso da população nepalesa. Em Dakar, no Senegal, em 1949 os Irmãos Maristas fundaram a escola "Sainte Marie de Hann", que em 1977 foi assimilada aos liceus franceses fora do território da República francesa. Ela é freqüentada por 3.500 estudantes, com 170 professores, e é aberta a meninos e meninas provenientes de toda a África ocidental francófona, de todas as confissões religiosas e de todas as categorias socioeconômicas. Depois que os Maristas a deixaram, a diocese assumiu a direção que, com a ajuda dos leigos, conserva o seu estilo e o seu espírito. A escola, que recebeu o prêmio UNESCO, se inspira em um projeto educativo voltado a educar à paz e a realizar um ‘foyer’, a fim de fazer dialogar as diversas culturas para construir um mundo fundado sobre a fraternidade. Mons. Zani também falou sobre a presença da escola católica na Europa central e oriental: “A queda do comunismo desbloqueou uma situação que se arrastava há anos, fazendo redescobrir o valor da pessoa e da liberdade inclusive nos processos formativos. Em muitos desses países, houve revisões profundas das legislações escolares, nas quais agora estão previstos também reconhecimentos e contribuições econômicas às escolas católicas”.
Por fim, Mons. Zani apresentou uma série de estatísticas sobre os docentes das escolas católicas: hoje, dos 3.500.000 professores nas escolas católicas, a maioria é formada por leigos, com uma porcentagem muito diversificada nas várias partes do mundo. No arco dos últimos anos, se registrou uma forte queda de religiosos e religiosas e um considerável aumento de docentes leigos. Todavia, nota-se que essa transformação, longe de ser um empobrecimento, constitui uma grande potencialidade para a escola católica”, evidenciou o Subsecretário.
O Prof. Roberto Zappalà, Diretor dos Liceus do Instituto Gonzaga de Milão, expôs, por fim, a estrutura do documento, que quer oferecer uma contribuição de reflexão sobre três aspectos fundamentais que dizem respeito à colaboração entre fiéis leigos e consagrados na escola católica. A esses três aspectos são dedicadas as três seções em que o documento se articula: A comunhão na missão educativa; Um caminho de formação para educar juntos; A comunhão para abrir-se aos outros. (S.L.) (Agência Fides 21/11/2007)


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