ÁFRICA/COSTA DO MARFIM - “A abolição do visto de permanência para os imigrantes da África ocidental é um bom passo adiante para a reconciliação nacional” afirma um missionário

Sexta, 9 Novembro 2007

Bouaké (Agência Fides)- “É um bom passo adiante no caminho da pacificação nacional” disse à Agência Fides um missionário de Bouaké, no norte da Costa do Marfim, onde ontem, 8 de novembro, o governo anunciou a abolição do visto de permanência para os imigrantes provenientes dos Países da Comunidade Econômica da África Ocidental (CEDEAO). Na Costa do Marfim, os imigrantes dos Países vizinhos, principalmente de Burquina Faso, são cerca de 4 milhões (26% da população). Uma das reivindicações da rebelião que recentemente dividiu ao meio a Costa do Marfim, é a integração da grande comunidade estrangeira e a abolição da discriminação política nos confrontos das pessoas que não possuem nenhum dos pais nascidos na Costa do Marfim. Depois dos acordos de paz de Ouagadougou (ver Fides 5/3/2007) que puseram fim à divisão do País e criaram um governo de união nacional, dirigido por Guillaume Soro, líder das “Forças Novas” (a guerrilha que controla o nordeste do País), o Presidente Laurent Gbagbo fez um novo gesto de reconciliação.
“A televisão nacional deu uma ampla cobertura à notícia, assim como à intenção do governo de abolir dos documentos pessoais quaisquer referências à etnia à qual se pertence. Queremos nos apresentar como marfinense e não como membros desta ou daquela etnia, afirmaram os responsáveis políticos marfinenses” menciona o missionário, de quem omitimos o nome por motivos de segurança. De fato, a Costa do Marfim atravessa uma fase certamente positiva mas ainda delicada.
“O País entrou numa era pós-conflito, na qual existem ainda tensões e divisões” disse o missionário. “Ontem, 8 de novembro, aconteceu uma manifestação em Bouaké, que a polícia tentou dispersar sem êxito. Os manifestantes protestavam por causa do aumento do custo de vida, da solicitação das companhias de eletricidade e de água de pagar os atrasados e da falta de trabalho. Segundo fontes competentes, o protesto não foi espontâneo, foi organizado pelos opositores do Premiê Soro, de dentro das Forças Novas”.
“Isso não deve assustar- explica o missionário- Soro é em teoria o dirigente máximo das Forças Novas, mas é preciso lembrar que esta sigla nasceu da união de diversos grupos e pequenos grupos que se formaram no norte e no oeste do País, após o falido golpe de setembro de 2002, que dividiu a Costa do Marfim em duas partes. As Forças Novas tinham necessidade de uma pessoa que as representasse no exterior, uma espécie de porta-voz. Soro foi adiante também por causa de sua preparação, que é melhor do que a dos outros chefes do movimento. Mas diversos especialistas duvidam de que esteja apto para controlar todos os componentes das Forças Novas”. No final de junho, Soro escapou de um atentado no aeroporto de Bouaké, o feudo das Forças Novas, quase que certamente praticado por dissidentes do seu movimento (ver Fides 5/7/2007)
“Apesar disso, devemos continuar a esperar o melhor” continua o missionário. “O Presidente e o Primeiro Ministro parecem ter a intenção de retornar à paz. Há sinais concretos: grupos mistos de militares do governo e das Forças Novas foram distribuídos por todo o País, não somente no norte, também no sul, para proteger as sessões dos tribunais. Mais um passo na direção da construção da confiança recíproca” conclui o missionário. (L.M.) (Agência Fides 9/11/2007)


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