ÁSIA/ÍNDIA - “Deter a violência contra cristãos”: carta aberta da comunidade cristã à Presidente federal da Índia, Pratibha Devisingh Patil

Segunda, 24 Setembro 2007

Nova Déli (Agência Fides) - Assinalar os grandes sofrimentos e o aumento da violência contra os cristãos na Índia; pedir o fim das discriminações e das ameaças, com um inquérito sério sobre os culpados das intimidações; fazer respeitar o aspecto secular e tolerante da Constituição indiana. São as anotações e os pedidos dirigidos ao Presidente federal da Índia, Pratibha Devisingh Patil, em uma carta aberta enviada pelo Conselho Global dos Cristãos Indianos (“Global Council of Indian Christians”), organismo ecumênico que reúne líderes cristãos de todas as confissões e com uma ampla base de associações de leigos.
“Estamos gravemente preocupados pelo aumento da violência perpetrada contra os cristãos no estado de Karnataka (Sudoeste da Índia) nos últimos 20 meses, e temos provas de que se relacione com a mudança do governo no estado” - aponta o texto, indicando o Baratiya Janata Party como um dos responsáveis pelo clima de impunidade em relação aos gestos violentos realizados em nome da Hindutva (“induidade”), bandeira do extremismo hindu.
Os cristãos lamentam a violação das liberdades de religião e de consciência, garantidas constitucionalmente pela Carta fundamental do país. a carta recorda a manifestação de junho de 2007, em Bangalore, quando milhares de pessoas desceram às ruas para protestar contra as violências verificadas continuamente em Kashmir, Gujarat, Orissa Karnataka e outros estados indianos. Muitos cidadãos indianos não-cristãos participaram daquela marcha, para defender o direito de todos de professar livremente sua religião.
“Os cristãos, que são cerca de 2,4% da população, estão na linha de frente, a serviço de um grande número de pobres e carentes de nosso país” - observa a carta. “Nosso patriotismo e o compromisso pelo bem da nação expressam-se concretamente em formas de serviço aos setores mais carentes da sociedade, nos campos do ensino, saúde, e formação profissional”, e “muitos cristãos se dedicam em tempo integral a atividades socialmente produtivas, em orfanatos, hospitais, centros sociais, asilos e escolas”. Também se observa que “os cristãos estão entre os mais engajados na assistência aos doentes de Aids”, e muitas vezes, garantem a alfabetização em áreas onde o Estado não chega.
Apesar desta empenho - sublinha o texto - “os cristãos são muitas vezes taxados como falsos, ou estrangeiros nocivos ao país. Quanto tempo devemos esperar para sermos reconhecidos plenamente como cidadãos, amantes da paz e respeitosos da lei, engajados com o progresso da nação?”.
O Global Council nota também a ascensão de uma classe política que contribuiu para alimentar tensões na sociedade, deixando espaço para aqueles que querem acusar a comunidade cristã ou garantindo a impunidade aos autores de violências.
A carta desmente a teoria das “conversões”, assinala as leis anti-conversões que ameaçam a liberdade de consciência individual e observa também as distorções muitas vezes praticadas pela mídia, que destorce a verdade.
Por isso, pede-se à Presidente que abra um inquérito independente sobre as atrocidades cometidas contra os cristãos, empreender ações justas contra os culpados, impor o respeito da liberdade de consciência e de fé no país, assim como garantido na Constituição. (PA) (Agência Fides 24 /9/2007)


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