Órgão de Informação das Pontifícias Obras Missionárias desde 1927
Cartum (Agência Fides)- O Sudão alcançou um acordo com a União Africana (UA) e as Nações Unidas para estacionar uma força de paz “híbrida” ONU/UA em Darfur, a região ocidental do País abalada desde 2003 por uma guerra civil com violações muito graves de direitos humanos.
Após dois dias de negociações com o governo de Cartum, um representante da União Africana anunciou o alcance de um acordo para substituir a força de paz da UA de 7 mil homens, há tempos presente na região.
O novo continengente de paz será composto por 19 mil militares, contra os 23 mil inicialmente previstos no plano elaborado pelas Nações Unidas. A questão do comando e do controle da força de paz ainda não está definida. O Sudão se opõe a um comando das Nações Unidas, e prefere que os militares internacionais sejam controlados pela União Africana. O governo de Cartum insiste também na presença em seu território de soldados africanos, e não de outros continentes. Estas duas exigências aumentaram o cepticismo de membros do Conselho de Segurança da ONU, que as interpretam como uma tentativa de impedir que a nova força de paz trabalhe de maneira satisfatória. Diversos especialistas afirmam que as tropas africanas não possuem os meios e capacidades para administrar, sozinhas, uma missão complexa como a de Darfur, e necessitam de uma colaboração técnica de outras potências. Muito dificilmente os países extra-africanos aceitarão colocar os próprios militares sob um comando doverso do da ONU. Segundo um representante das Nações Unidas, teria sido alcançado um acordo técnico, com base no qual, o comando total da operação seria confiado à ONU, que delegaria a gestão das operações cotidianas ao comando da União Africana no território. A intenção, todavia, seria enviar ao território principalmente tropas africanas, limitando as contribuições extra-continentais ao setor técnico e logístico (transportes, telecomunicações, etc...). O problema é que é aparentemente difícil encontrar um número suficiente de países africanos dispostos a enviar suas tropas à área. Este fator requer a contribuição de países como Paquistão e e China, que já ofereceram sua disponibilidade inicial de enviar soldados.
Darfur cobre uma superfície de cerca de 490mila km², tem população estimada de cerca de 6 milhões de habitantes. Grande parte do território é formada por planícies. O centro da região é montanhoso, e dominado pelo monte Marrah (Jebel Marra), que alcança 3088 metros. O norte do país é coberto por dunas de areia, e o sul, por savanas. Os principais centros são Al Fachir e Geneina. A região é alvo de violências desde 2003, quando um grupo de guerrilha atacou as forças do governo. Desde então, surgiram novos grupos anti-governamentais, aos quais se contrapõem os militares regulares e as milícias pró-governo Janjaweed, que adotaram a tática da “terra queimada”, atacando a população civil suspeitada de fornecer apoio aos rebeldes. O conflito já provocou até agora 200 mil mortos e obrigou a maior parte da população da região a refugiar-se em acampamentos para refugiados internos ou campos de refugiados no vizinho Chade.
(L.M.) (Agência Fides 14/6/2007)
