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Bamako (Agência Fides)- “As eleições são um sinal de vitalidade do País, mas devemos fazer um esforço maior para que a população compreenda o que significa votar, e o que é a democracia. Trata-se de um compromisso de longo prazo, mas estou confiante no futuro do país” - diz à Agência Fides Dom Jean-Gabriel Diarra, Bispo de San e Presidente da Conferência Episcopal de Mali, onde amanhã, domingo, 29 de abril, haverá eleições presidenciais.
“Vendo como se realizou a campanha eleitoral, notei que existe uma diferença entre como as eleições são apresentadas pelos meios de comunicação de massa, em especial pela televisão, e a percepção que as pessoas têm do processo eleitoral” - afirma Dom Diarra. “Termos como ‘eleições livres e transparentes’, para a maioria das pessoas, especialmente as que vivem em áreas rurais, são conceitos abstratos, não entendidos” - explica o Presidente da Conferência Episcopal de Mali. “Os candidatos à presidência o entenderam e impostaram a própria propaganda eleitoral com a promessa de realizar obras públicas, como a construção de estradas e aquedutos”.
“Obras certamente importantes e de que as pessoas precisam. Surgem, porém, o problema de entender como estas promessas poderão ser mantidas, e com quais meios financeiros serão realizadas” - nota Dom Diarra. “Minha preocupação deriva da quase total ausência, nos discursos dos candidatos, de um debate mais amplo, sobre que tipo de sociedade se quer construir em Mali, quais são suas perspectivas, em longo prazo. Percebo que, todavia, até mesmo nas democracias mais avançadas é difícil levar adiante um discurso deste tipo”.
“Todavia, acredito que é preciso elevar a escolarização do povo e o sistema educativo deve ser aperfeiçoado, de modo que, em longo prazo, seja possível elevar o debate público e criar uma democracia mais avançada. Estou sempre confiante de que isto é possível” - conclui o Bispo.
Às vésperas do voto, os Bispos divulgaram um documento no qual advertem para o risco do ‘desencanto’ dos leitores em relação à política, que pode afastar um certo número de eleitores do voto.
Mais de oitenta candidatos concorrem à Presidência. Entre eles, está o atual, Amadou Toumani Touré, cuja reeleição é considerada certa pela maior parte dos observadores locais e internacionais. Pela primeira vez na história do país, apresenta-se como candidata também uma mulher: Aminata Sidibé, professora universitária que apresentou um programa eleitoral baseado em questões ambientais.
Entre os temas abordados na campanha, estiveram a emigração para a Europa e o futuro da indústria de algodão, penalizada pela recente seca e pelos acordos comerciais com parceiros econômicos de Mali, em especial a União Européia. (L.M.) (Agência Fides 28/4/2007)
