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Cidade do Vaticano (Agência Fides) - Orígenes alexandrino, “uma das personalidades determinantes para todo o desenvolvimento do pensamento cristão”, foi o tema tratado pelo Santo Padre Bento XVI na catequese da Audiência Geral de quarta-feira, 25 de abril. “Foi um verdadeiro ‘mestre’ - explicou o Papa -, e assim o recordavam com nostalgia e comoção seus discípulos: não só um brilhante teólogo, mas uma testemunha exemplar da doutrina que transmitia… Em 250, durante a perseguição de Décio, Orígenes foi preso e torturado cruelmente. Debilitado pelos sofrimentos padecidos, morreu algum tempo depois. Não tinha ainda setenta anos.”
O Pontífice ressaltou a importância da "reviravolta irreversível" que Orígenes imprimiu à história da teologia e do pensamento cristão: “Corresponde em substância à fundação da teologia na explicação das Escrituras. Fazer teologia era para ele essencialmente explicar, compreender a Escritura; ou poderíamos inclusive dizer que sua teologia é a perfeita simbiose entre teologia e exegese”.
São Girolamo apontou os títulos de 320 livros e de 310 homilias de Orígenes, dos quais, infelizmente, grande parte perdeu-se. O seu raio de interesse é extremamente variado, vai da exegese ao dogma, à filosofia, à apologética, à ascética e à mística. Como destacou o Santo Padre, “núcleo inspirador desta obra é, como mencionamos, a «tripla leitura» das Escrituras desenvolvida por Orígenes no arco de sua vida… Antes de tudo, ele leu a Bíblia com a intenção de assegurar o melhor texto e de oferecer dela a edição mais fiável. Este, por exemplo, é o primeiro passo: conhecer realmente o que está escrito e conhecer o que esta escritura queria intencional e inicialmente dizer… Em segundo lugar, Orígenes leu sistematicamente a Bíblia com seus célebres Comentários. Estes reproduzem fielmente as explicações que o mestre oferecia na escola, em Alexandria e em Cesaréia. Orígenes avança quase versículo a versículo, de forma minuciosa, amplia e aprofunda, com notas de caráter filológico e doutrinal. Ele trabalha com grande exatidão para conhecer bem o que os sagrados autores queriam dizer… Finalmente, também antes de sua ordenação presbiteral, Orígenes se dedicou muitíssimo à pregação da Bíblia, adaptando-se a um público de composição variada”.
Prosseguindo a sua explicação, o Santo Padre destacou ainda que Orígenes “aproveita todas as ocasiões para recordar as diversas dimensões do sentido da Sagrada Escritura, que ajudam ou expressam um caminho no crescimento da fé, ou seja, o sentido ‘literal’, o sentido ‘moral’ e, por fim, o sentido ‘espiritual’. “É o Espírito Santo que nos faz entender o conteúdo cristológico e, assim, a unidade da Escritura em sua diversidade”. Por meio deste método, Orígenes “chega a promover eficazmente a ‘leitura cristã’ do Antigo Testamento”, abafando o desafio daqueles heréticos que opunham entre si os dois Testamentos, até rejeitar o Antigo. O Papa concluiu com o convite a acolher “o ensinamento desse grande mestre na fé. Ele nos recorda com íntimo entusiasmo que, na leitura orante da Escritura e no coerente compromisso da vida, a Igreja sempre se renova e rejuvenesce. A Palavra de Deus, que jamais envelhece nem nunca se esgota, é meio privilegiado para tal fim… Peçamos ao Senhor que nos dê hoje pensadores, teólogos e exegetas que encontrem esta multidimensionalidade, esta atualidade permanente da Sagrada Escritura, para alimentar-nos realmente do verdadeiro pão da vida, de sua Palavra”.
No final das saudações nas diversas línguas, o Santo Padre lançou um apelo, por ocasião da semana da segurança nas estradas, promovida pelas Nações Unidas, convidando a rezar “pelas vítimas, pelos feridos e por suas famílias”, fazendo votos que “um consciente sentido de responsabilidade pelo próximo induza os motoristas, especialmente os jovens, à prudência e a uma maior respeito do código rodoviário.” (S.L.) (Agência Fides 26/4/2007)
