ÁSIA/TERRA SANTA – Líderes das Igrejas: “Ninguém deve violar o “statu quo” dos Lugares Sagrados de Jerusalém

Sexta, 7 Novembro 2014

Jerusalém (Agência Fides) – Diante do agravamento da situação na Cidade Santa, os Patriarcas e os Chefes das Igrejas de Jerusalém difundiram uma declaração para expressar a sua preocupação comum com o aumento da violência e invocar o respeito do Statu Quo que regulamenta a gestão e o acesso aos Lugares Sagrados da Cidade Velha, com referência especial à Haram al Sharif, a Esplanada das Mesquitas.
No comunicado, divulgado quinta-feira, 6 de novembro e enviado à Agência Fides, os Chefes das Igrejas cristãs manifestam “profunda inquietação em relação às recentes atividades em Haram al Sharif, como o fechamento total e as restrições de acesso à Mesquita de Al Aqsa”. O aumento de tensão, com violentos combates entre as forças policiais e os árabes muçulmanos, deveu-se às iniciativas de grupos extremistas hebraicos. Nos últimos dias, eles estão promovendo manifestações em que tentam acessar à Esplanada das Mesquitas para relançar a idéia de se apropriar da área do antigo Templo de Salomão, onde surgem há muitos séculos dois dos maiores santuários do Islã.
Os grupos em questão – como explica fr. David Jaeger OFM, Prelado Auditor do Tribunal da Rota Romana e perito em questões jurídicas relativos a Locais Sagrados no bimestral Terrasanta – “representam uma nova direita ultranacionalista, atípica em Israel”, cujas intenções seriam delirantes inclusive do ponto de vista da fé e da tradição hebraicas. A destruição do Segundo Templo, em 70 d.C., representou certamente um evento traumático na memória coletiva do povo hebraico, mas já nos tempos em que o Templo foi destruído, “o hebraísmo havia efetivamente abandonado o culto que se fazia ali para tornar-se religião da Palavra Divina, uma crença dirigida a um 'culto em espírito e verdade' e não mais ao derramamento de sangue de cordeiros”. Nos dois milênios que se seguiram, o anseio de restabelecer o Templo expressou apenas em formas literárias a esperança escatológica, cuja realização é aguardada para o final dos tempos. “Os próprios rabinos, para impedir o abuso das belíssimas orações que expressam nostalgia pelo Templo do Senhor”, continua fr. Jaeger “estabeleceram, há muitos séculos, a excomunhão automática para quem, antes do final dos tempos, ousasse apenas subir ao local onde antigamente o Templo se situava”.
Em seu comunicado, os Chefes das Igrejas e das comunidades cristãs de Jerusalém condenam “as propostas de modificar o estatuto dos Lugares Sagrados, de onde quer que venham. Os Lugares Sagrados – consta no comunicado – necessitam de uma proteção constante e atenta, para que o seu acesso, limitado, seja mantido como previsto pelo Statu Quo para as três religiões monoteístas. O acordo do Statu Quo que regulamente tais sítios deve ser totalmente respeitado, no interesse de toda a comunidade. Toda ameaça à sua continuidade e à sua integridade pode conduzir rapidamente a consequências imprevisíveis que seriam muito malvistas no atual clima político do momento, muito delicado”.
No dia de quarta-feira, 5 de novembro, também o premiê israelense, Benjamin Nethanyahu, por meio de uma declaração do porta-voz do governo, Mark Regev, assegurou que “não haverá mudanças” no estatuto dos Lugares Sagrados de Jerusalém. (GV) (Agência Fides 7/11/2014).


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