ÁSIA/PAQUISTÃO - Um homem "blasfemo" queimado vivo: os Bispos pedem a intervenção das instituições

Quinta, 5 Julho 2012

Lahore (Agência Fides) - Ghulam Abbas, um homem acusado de blasfêmia foi queimado vivo por um grupo violento de radicais islâmicos fora da delegacia de Chani Ghoth, na área da cidade de Bahawalpur, na província de Punjab. Segundo fontes locais de Fides, o homem, provavelmente portador de deficiência mental de religião muçulmana, foi preso poucos dias atrás na sequência de uma queixa de pressuposta blasfêmia, com a acusação de ter queimado páginas do Alcorão. Alguns líderes religiosos locais incitaram a multidão que ontem foi para as ruas e, em seguida, invadiu as delegacias, ferindo cerca de 15 agentes. Os radicais forçaram a porta da cela, levaram para fora o prisioneiro, jogaram gasolina nele e depois o queimaram vivo. Alguns veículos da polícia também foram incendiados numa revolta que durou cerca de duas horas.
O episódio abalou fortemente a sociedade civil paquistanesa, trazendo à tona a questão complicada do abuso da lei da blasfêmia. Peter Jacob, secretário executivo da Comissão "Justiça e Paz" da Conferência Episcopal do Paquistão, disse à Fides: "Estamos verificando os fatos e circunstâncias de um episódio tão grave e inesperado. É um fato execrável. A violência aumentou e aumentou também a violência que tem como pretexto a religião. Eliminar uma vida humana, sobretudo de maneira extrajudicial, é sempre inaceitável. O que também nos preocupa é a impunidade, a ilegalidade e a liberdade daqueles que fazem justiça com suas próprias mãos, matando impunemente. As instituições, como o Parlamento e a Magistratura, devem fazer sua parte. Pedimos uma maior atenção do novo Primeiro-Ministro para que não deixe baixar a guarda sobre o respeito dos direitos humanos no Paquistão". A Comissão refere à Fides que, em 2012, dois muçulmanos e um cristão foram mortos de maneira extrajudicial acusados de blasfêmia.
Outras ONGs, como a “Masihi Foundation" e a "Life for All", condenaram firmemente o ocorrido definindo-o um “ato bárbaro e desumano”. Em nota enviada à Fides, reiteram que “se abusa da lei da blasfêmia” e convidam as autoridades a agir “contra a ilegalidade e a brutalidade” porque “ninguém está cima da lei”. As ONGs pedem a intervenção do Presidente da Corte Suprema para “garantir o estado de direito no país”. (PA) (Agência Fides 5/7/2012)


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