ÁSIA/SÍRIA - "A desolação de Homs e a guerra de informação": as palavras de um bispo greco-católico

Segunda, 4 Junho 2012

Damasco (Agência Fides) - "A paz na Síria poderia ser salva se todos dissessem a verdade. Após um ano de conflito, a realidade no terreno está longe do quadro que impõe a desinformação na mídia ocidental": afirma um testemunho enviado à Fides pelo bispo francês Philip Tournyol Clos, Arquimandrita greco-católico melquita, que recentemente visitou a Síria, indo a várias cidades, como Damasco, Aleppo e Homs. Em Homs, definida como "cidade mártir", "as forças da oposição ocuparam dois bairros, Diwan Al Bustan e Hamidieh, onde estão todas as igrejas e bispados", disse à Fides o Arquimandrita. "O espetáculo para nós – ressalta - é a desolação absoluta: A igreja de Mar Elian está semi destruída e a de Nossa Senhora da Paz ainda está ocupada pelos rebeldes. As casas dos cristãos foram severamente danificadas pelos combates e completamente abandonadas por seus habitantes que fugiram sem levar nada. O bairro de Hamidieh é ainda refúgio inexpugnável de grupos armados independentes uns dos outros, fortemente armados e financiados pelo Qatar e Arábia Saudita. Todos os cristãos (138.000) fugiram para Damasco e Líbano, outros refugiaram-se nos campos vizinhos. Um sacerdote foi morto e outro foi ferido com três tiros no abdômen. Ainda dois sacerdotes vivem ali, mas os cinco bispos tiveram de se refugiar em Damasco e no Líbano". O líder cristão continua: "Na capital temem-se carros-bomba e atentados de homens-bomba islâmicos, atraídos pelo desejo do paraíso, que têm o sonho de acabar com o regime alaúita. Atualmente estão tentando desestabilizar o país através do trabalho sangrento de aventureiros que não são sírios. Até o ex-embaixador francês, Eric Chevallier, relatou tais informações, que foram sempre rejeitadas, enquanto muitas informações continuam sendo falsificadas para manter a guerra contra a Síria", denuncia o bispo à Fides. Em Damasco, nas últimas semanas, houve ataques terríveis que terminaram com um balanço de 130 mortos (incluindo 34 cristãos), 400 feridos e muitas casas danificadas. "A consternação foi geral, a dor indescritível", observa o Arquimandrita, recordando que "o povo sírio é um povo simples e alegre". Sobre os cristãos o Bispo disse: "Os cristãos vivem em paz, partilhando os sofrimentos de todos, mas estão prontos para admitir de nunca terem se sentido assim tão livres no passado e a lembrar o reconhecimento pleno de seus direitos, dados a eles pelo governo atual". Dom Philip Tournyol Clos conta a chave de leitura dos líderes cristãos e muçulmanos sírios, que dizem: "Os inimigos da Síria se alistaram à Irmandade Muçulmana a fim de destruir as relações fraternas que existiam tradicionalmente entre muçulmanos e cristãos. No entanto, até hoje, não conseguiram: provocaram uma reação contrária e as duas comunidades estão mais unidos do que antes". Os soldados sírios na verdade, continuam a enfrentar combatentes estrangeiros, mercenários líbios, libaneses, militantes dos países do Golfo, afegãos e turcos. "Os militantes sunitas salafitas – disse o bispo - continuam a cometer crimes contra civis, ou a recrutar combatentes com a força. Os extremistas fanáticos sunitas estão orgulhosamente combatendo uma guerra santa, sobretudo contra os alauítas Quando os terroristas procuram controlar a identidade religiosa de um suspeito, lhe pedem para citar as genealogias que remontam a Moisés e pedem para recitar uma oração que os alauítas removeram. Os alauítas não têm chance de saírem vivos". (PA) (Agência Fides 4/6/2012)


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