ÁFRICA/EGITO - Eleições presidenciais: uma ficha dos principais candidatos

Terça, 22 Maio 2012

Cairo (Agência Fides) – São 13 os candidatos para as eleições presidenciais realizadas, no Egito, em 23 e 24 de maio. Dentre esses os favoritos são 5, explica uma análise publicada pelo ISPI (Instituto para os Estudos de Política Internacional) assinada por Elisa Ferrero, baseando-se em enquetes, cuja confiabilidade, adverte a estudiosa, deve ser verificada.
O primeiro (segundo uma pesquisa do Ahram Center for Political Studies de 14 de maio), é Amr Moussa, ex presidente da Liga Árabe e ex-ministro das Relações Exteriores de Mubarak. "Considerado pelos revolucionários um homem do velho regime, segundo outros nunca foi realmente assimilado pelo sistema ditatorial. Liberal moderado, favorável aos militares e político, é provável que atrairá os votos de muitos seculares (ou seja, não-islamitas) e numerosos cristãos que, não amando o antigo regime, querem estabilidade e continuidade, especialmente temendo a dominação dos islamitas", observou Ferrero.
O segundo favorito é Ahmed Shafiq, ex-ministro da Aviação Civil de Mubarak e primeiro-ministro nos dias da revolta de 2011. "Ele vêm das forças armadas, representa mais do que todos os candidatos do establishment militar e dos nostálgicos do antigo regime. Sobre ele, no entanto, caem as acusações de corrupção e a possível desqualificação retroativa das eleições, se o Tribunal Constitucional aprovar a lei que exclui da política os homens de Mubarak", disse a estudiosa.
O terceiro favorito é Abdel Moneim Abul Fotouh, médico e dissidente da Irmandade Muçulmana. "A proposta do Islã Liberal se apresenta como o elo entre o seculares e islamitas. Próximo às forças revolucionárias, sobre ele pesa a suspeita de estar ainda ligado aos Irmãos Muçulmanos. A sua candidatura dividiu o voto islamita, ganhando o apoio de uma parte dos salafistas, do partido al-Wasat, muitos jovens da Irmandade Muçulmana e alguns líderes desse movimento. Poderia obter o voto dos liberais que o consideram como o candidato pró-revolução com chances reais de vencer, assim como o voto de alguns cristãos que pensam que Abul Fotouh seja o único islamita disposto a defender seus direitos", disse Ferrero.
O quarto favorito é Mohammed Morsy, candidato da Irmandade Muçulmana, que substituiu o carismático líder do movimento, Khayrat al-Shater, após a desqualificação desse último por falta de requisitos legais. A Irmandade Muçulmana propôs seu próprio candidato depois de saber que o Parlamento, que detêm a maioria, não tem poderes reais. "Esta medida foi causa da ruptura da aliança com o Conselho Militar. Morsy não parece ter grande chance de vencer, mas a grande organização da Irmandade pode fazer a diferença", disse Ferrero.
O último dos favoritos é Hamdeen Sabbahi, socialista nasseriano envolvido na revolta de 2011. Ultimamente está recolhendo muitos consensos entre intelectuais seculares, apresentando-se como uma alternativa viável aos islamitas e leais do antigo regime.
"Nenhum candidato, mesmo entre aqueles abertamente hostis ao governo dos generais, propôs um programa concreto de desmilitarização do Estado egípcio (o verdadeiro obstáculo à democratização). Portanto, é improvável que o novo presidente ouse abolir os privilégios da casta militar. A esperança está numa redução gradual de tais privilégios para evitar o confronto direto com os militares, operação, no entanto, que dependerá muito da persistência da pressão popular", conclui a estudiosa. (L.M.) (Agência Fides 22/5/2012)


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