ÁSIA/NEPAL - O Vigário Apostólico: "Menos corrupção, mais unidade: é preciso ultimar a Constituição"

Quarta, 14 Março 2012

Kathamandu (Agência Fides) - O futuro político do Nepal pode frutificar se "forem contrastados eficazmente a corrupção e o clientelismo da política, se as forças em campo se unirem pelo bem comum. É preciso superar o impasse e entrar em acordo para concluir os trabalhos da nova Constituição, que tutele os direitos e as liberdades de todos": é o que afirma num colóquio com a Agência Fides o Vigário Apostólico do Nepal, Dom Anthony Sharma SJ, enquanto a assembléia constituinte está empenhada na redação da Constituição. A Carta, depois de inúmeros adiamentos, deverá ser concluída até o final de maio de 2012, redefinindo a estrutura do Estado e as normas fundamentais. Sobre a situação política, o Vigário nota que "o novo Primeiro- Ministro, Baburam Bhattarai, teve formação cristã e é uma pessoa de sólidos valores morais, o que faz bem esperar para o futuro da nação”. No entanto, continua, "o problema é a coalizão que governa, heterogênea demais, e a excessiva fragmentação das forças políticas: em um país pequeno, temos mais de 600 parlamentares e um executivo imenso”. A ação política, nota Dom Sharma, é quase sempre marcada pela corrupção e o clientelismo, enquanto “a sociedade civil reclama que pouco dinheiro público é destinado ao desenvolvimento, ao trabalho, a empregos e ajudas às famílias”. O Primeiro-Ministro é condicionado – prossegue a análise do Vigário – “porque todos os partidos políticos jogam seu jogo, mas com o objetivo do poder e sem o esforço para melhorar as condições do povo. O desejo desenfreado de poder e de riqueza é a maior deficiência do país”.
Um passo urgente nesta fase, segundo o Bispo, é terminar a redação da Constituição. “A obra é freada pelas exigências dos partidos, condicionada por pequenos grupos: cada um quer o seu pequeno espaço de poder. Existem mais três meses de tempo, mas muitos estão pessimistas. A Corte Suprema estabeleceu que não haverá novos adiamentos. Se o trabalho não se concluir, se abrirá uma fase de grave incerteza e instabilidade para o país: estamos muito preocupados. As pessoas perderam a paciência e pedem o que a política desperte a consciência”.
Na Constituição, recorda o Vigário, "a Igreja pediu a liberdade religiosa, a laicidade do Estado, o respeito dos direitos fundamentais do homem”.
Tal fase de impasse político e social, conclui, “tem um forte impacto na sociedade. Os preços são muitos altos, os salários são baixos, a pobreza e o escasso desenvolvimento afligem o povo. A Igreja é engajada no social, ao lado das ONGs locais, principalmente com mulheres e crianças, em áreas aonde frequentemente os programas de assistência estatal não chegam”. (PA) (Agência Fides 14/3/2012)


Compartilhar: