AMÉRICA/BOLÍVIA - “O Deus da vida não quer a morte”: apelo do Cardeal Terrazas depois dos últimos episódios de violência

Santa Cruz (Agência Fides) – Somos chamados a dar respostas concretas e urgentes a tudo o que se opõe à vida, porque a Palavra do Senhor é clara quando diz “não matarás”. Nisto, Deus é determinado, claro e preciso, “não se pode ‘re-interpretar’ a vontade de Deus, o Deus da vida não quer a morte”: foi o que disse o Cardeal Julio Terrazas, Arcebispo de Santa Cruz de la Sierra, na homilia proferida na Catedral, diante do Núncio Apostólico, Dom Giambattista Diquattro, deplorando os linchamentos e homicídios ocorridos recentemente. O Cardeal pediu que se detenham estas ações violentas, rejeitando “a morte imposta por leis humanas que podem sempre errar e cometer injustiças e a morte decidida por algumas pessoas com as próprias mãos”.
Uma semana atrás, na comunidade de Quila Quila (a 25 km de Sucre), os moradores pegaram duas pessoas que estavam roubando na Igreja da cidade e depois de atá-las e agredi-las, as enterraram vivas perto da Igreja. A polícia encontrou os corpos depois de várias tentativas de diálogo com os moradores locais, que continuavam a repetir que “o povo fez justiça”. Quatro dias atrás, a intervenção das autoridades, avisadas por um sacerdote católico, evitou o linchamento de outros dois presumíveis ladrões, sempre por parte dos moradores de Quila Quila. Não é a primeira vez que ocorrem episódios deste gênero na área (veja Fides 23/09/2010).
Em sua homilia, o Cardeal Terrazas pediu que “não se repitam episódios com os ocorridos no passado, que o povo não se deixe enganar por pessoas que querem o ódio e a vingança ou por quem aplaude medidas mais severas mas não conseguem chegar ao coração daquilo que provoca o dano, as lesões e o mal”. Pediu também que não se acostumem a ouvir palavras de morte e de vingança com as mãos, porque desta forma se introduz uma perigosa cultura de morte nas famílias e nas pessoas. Convidou todos os fiéis a utilizar este tempo “para despojar-se da preguiça espiritual em que vivemos e pedir ao Senhor que purifique nossas mentes e corações; e enfim, que reconstruam seu relacionamento com Deus e com nossos irmãos”. (CE) (Agência Fides, 12/03/2012)