ÁSIA/ÍNDIA - Deter a violência, não à impunidade: Carta aberta dos cristãos aos líderes da nação

Segunda, 27 Fevereiro 2012

Nova Délhi (Agência Fides) – Garantir justiça para todas as vítimas da violência religiosa e intercomunitária na Índia; tutelar paz e reconciliação, que se alcançam com a prevenção e com a justiça: são os pedidos contidos numa Carta aberta enviada pela comunidade cristã na Índia aos líderes da nação e enviada à Agência Fides.
A carta, assinada em nome da comunidade cristã pelo Arcebispo de Délhi, Dom Vincent Concessao, explica que o espírito que impulsiona os cristãos a dirigirem-se veementemente à política é "a caritas, uma força extraordinária, que leva as pessoas a se empenharem com coragem e generosidade no campo da justiça e da paz".
Os cristãos, que há dois mil anos se esforçam em "promover o amor" na Índia, notam com preocupação que, desde 1990, segundo estimativas oficiais, mais de 6.000 graves episódios de violência intercomunitária castigaram a nação. "Nos primeiros anos do século 21, se verificaram graves atos de violência coletiva: o primeiro foi contra os muçulmanos em 14 distritos de Gujarat, em fevereiro-março de 2002; o outro foi a violência contra os cristãos no distrito de Kandhamal, em Orissa, em 2008". O texto recorda que, em Gujarat, 790 muçulmanos foram mortos, 523 locais de culto danificados e 61.000 muçulmanos fugiram de suas casas. Em Orissa, os mortos foram mais de 100 e os refugiados cristãos 56 mil.
"As vítimas de ambos os atos de violência aguardam ainda justiça. Os assassinos permanecem livres, não houve qualquer tipo de reparação", nota o apelo. "A polarização religiosa não é algo bom para a nação. A impunidade da qual gozam os funcionários, os oficiais da polícia e, sobretudo, os políticos de alto nível, entre os quais o primeiro-ministro de Gujarat, ludibria o Estado de direito e a Constituição da Índia", destaca ainda a Carta. Os cristãos notam com favor "uma tentativa de aprovar novas leis que, se espera, coloquem um freio na violência comunitária e nos crimes de ódio em massa", como o "Communal Violence Bill", proposto no Parlamento em 2011.
O apelo se encerra com pedidos específicos aos líderes da nação: assegurar justiça para as vítimas; colocar fim na impunidade dos líderes políticos e do governo; adotar medidas urgentes e imediatas para garantir que os sobreviventes reconstruam suas vidas; identificar meios para restabelecer a confiança das vítimas, assegurando que suas vidas voltem à normalidade. Os cristãos pedem também uma adequada presença das minorias religiosas nas estruturas policiais e nos grupos de inquérito e a rápida adoção da Lei para prevenir e contrastar a violência, “para que ela possa ser eliminada desde o início”. (PA) (Agência Fides 27/2/2012)


Compartilhar: