ÁSIA/ÍNDIA - Na Assembleia dos Bispos, a questão das “conversões proibidas” e da liberdade religiosa

Sexta, 3 Fevereiro 2012

Bangalore (Agência Fides) – Na Assembleia dos Bispos indianos, em andamento em Bangalore de 1o a 8 de fevereiro, estão em análise as “conversões proibidas”, as limitações da liberdade religiosa e as discriminações contra os cristãos, temas sobre os quais os Bispos, conta uma fonte de Fides, iniciaram um intenso debate.
O que gerou a discussão foi o depoimento do prof. T. K. Oommen, sociólogo cristão, professor emérito na "Jawaharlal Nehru University", que destacou a urgência de corrigir a imagem distorcida da Igreja “como entidade empenhada na obra de conversões religiosas”. Esta, afirmou ele, “é uma percepção difundida”, que é preciso contrastar para comunicar “a justa imagem da Igreja”. O prof. Oommen defendeu o direito de todos os cidadãos indianos, garantido pela Constituição, de professarem a própria religião e de propagá-la, além do inalienável direito da consciência individual a mudar de religião.
Alguns Bispos, nos grupos de trabalho, recordaram que a Índia aprovou uma série de leis para proibir a conversão, destinada essencialmente aos missionários cristãos. O primeiro Estado a aprovar uma “Lei sobre a liberdade de religião (que de fato é uma lei que proíbe as conversões) foi Orissa em 1967, seguido por Madhya Pradesh em 1968 e por Arunachal Pradesh em 1978. Sucessivamente o Governo do partido nacionalista hinduísta "Bharatiya Janata Party" introduziu e Gujarat em 2003 e em Chhattisgarh em 2006, ano em que entrou em vigor também em Himachal Pradesh. Baseando-se em tais medidas, muitos missionários, acusados de "conversões forçadas", foram processados e ainda hoje grupos fundamentalistas usam tais acusações para afetar os líderes e os fiéis cristãos. A conversão ao hinduísmo não é crime e os grupos hinduístas continuam a converter abertamente ao hinduísmo os autóctones.
Além disso, como referido à Fides por fontes da sociedade civil indiana, muitas organizações de grupos religiosos hinduístas recebem ajuda do Ministério da Justiça Social, do Ministério para o Desenvolvimento dos Recursos Humanos, do Ministério para os Assuntos dos Autóctones, para a construção de escolas e centros sociais, em favor dos membros de castas mais baixas ou dos povos tribais. Estas organizações hinduístas adotam os mesmos métodos dos missionários, oferecendo assistência social e educação: "Nesse contexto, a função do Estado, prescindindo do partido que esteja no poder, é clara", ressalta à Fides Suhas Chakma, líder da Ong "Asian Centre for Human Rights", com sede em Nova Délhi. Chakma comenta à Fides: "A fé religiosa é uma questão particular da consciência individua e não deve ser controlada pelo Estado. Sabe-se que vários dalits, não obstante sejam cristãos, se identificam legalmente como hinduístas para obter os benefícios sociais a eles reservados e negados aos dalits cristãos, de forma discriminatória. Tais negações dos direitos fundamentais são violações da constitui;ao e fazem da Índia uma nação cristanofóbica". (PA) (Agência Fides 3/2/2012)


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