ÁFRICA/RD CONGO - Assembleia dos Superiores Maiores: “É preciso evitar que uma falsa vocação apolítica nos faça cúmplices de uma ordem social injusta”

Sábado, 28 Janeiro 2012

Kinshasa (Agência Fides) – “Na RDC podemos dizer com certo orgulho que a Vida Consagrada acompanhou o surgimento da Igreja particular” – destacou, no discurso de abertura da Assembleia Plenária da Assemblée des Supérieurs Majeurs (ASUMA) e da Union des Supérieures Majeures (USUMA), Irmã Charlotte Sumbamanu, Presidente nacional da USUMA.
Ilustrando a história das duas conferências que reúnem os Institutos de vida consagrada respectivamente masculinos (ASUMA) e femininos (USUMA) que atuam na República Democrática do Congo, Irmã Sumbamanu recordou que a criação destes dois organismos ocorreu logo após a criação da Hierarquia no Congo, em 1959, cerca de um ano antes de sua independência (30 de junho de 1960). 
A constituição da ASUMA e da USUMA faz parte, segundo Irmã Sumbamanu, do projeto do então Cardeal Joseph Albert Malula, Arcebispo de Kinshasa, de criar “uma Igreja congolesa em um Estado congolês”. Com estas palavras, de 1959, o Card. Malula expressou as esperanças de emancipação dos congoleses, ainda sob domínio colonial. Cinquenta anos mais tarde, do ponto de vista eclesial, a Igreja congolesa é uma realidade viva, que acolheu a semente plantada pelos missionários, mas nos campos social e político ainda há muito o que fazer. “Depois de 50 anos de independência, que não ofereceram nada de concreto ao nosso povo – destacou Irmã Sumbamanu – a democracia parece paralisada, hoje. Está se afirmando uma classe político-econômica muito forte, que não deixará nada à maioria da população. A pobreza se torna sempre mais evidente. A Igreja, com seus serviços sociais e suas congregações, nunca poderá oferecer a todos esses pobres o que a maneira de governar o Estado acabará por tirá-los completamente. É necessário evitar que uma falsa vocação apolítica nos torne cúmplices de uma ordem social injusta ou completamente desumana. A nossa missão profética nos obriga a continuar essa preocupação". A religiosa concluiu desejando que o próximo quinquagésimo aniversário das duas associações, "seja para as pessoas de vida consagrada na RDC, apesar das atividades externas sem dúvida, muito louváveis, o quinquagésimo da interioridade em vista da santidade" e convidou a rezar pela canonização da Beata Anuarite Nengapeta, religiosa congolesa seqüestrada por guerrilheiros Simba que preferiu a morte ao invés de violar o voto de castidade, beatificada em 15 de agosto de 1985 pelo Papa João Paulo II durante sua segunda viagem apostólica ao então Zaire. (L.M.) (Agência Fides 28/1/2012)


Compartilhar: