ÁSIA/PAQUISTÃO - O político católico Michael Javed: "Cristãos sem direitos e sem segurança"

Sábado, 14 Janeiro 2012

Karachi (Agência Fides) - "Os cristãos em algumas áreas de Karachi vivem nas piores condições de escravidão. E as instituições não tomam conhecimento. Não possuem direitos, são discriminados e violentados, considerados indignos, porque são cristãos": foi o que disse numa entrevista à Agência Fides, Michael Javed, político católico, ex-componente da Assembleia provincial de Sindh. Javed, que no passado militou no Pakistan People's Party (partido atualmente no governo federal no Paquistão), recentemente aderiu ao Pakistan Tehreek-e-Insaaf (PTI), novo partido formado pelo astro nascente da política nacional, Imran Khan. Foi dada a Javed, num primeiro momento, a cadeira no Parlamento Federal que tinha sido de Shabhaz Bhatti, mas a Comissão Eleitoral (numa decisão contestada) deu o assento a um senador hinduísta.

Javed, quais são os responsáveis e as razões dos abusos contra cristãos em Karachi?

Gostaria de sublinhar antes de tudo que é uma situação horrível: meninas e meninos violentados em "celas de tortura", é assustador. Mais de 5 mil cristãos de Essa Nagri, Ayub Goth e Bhittaiabad estão sob pressão e vivem com medo. Os responsáveis pela violência são membros de partidos étnicos e islâmica como o "Pasthun Student Federation" e outros movimentos. Alguns dizem que somos pró-ocidentais e não devemos ter o direito de ir às igrejas. Não nos querem num estado que, para eles, deve ser islâmico. Muitas vezes não podemos abrir a boca. Estamos pior do que escravos. Nos últimos dias, num ataque na área de Butukaluni, os militantes destruíram casas e propriedades de cristãos, sem que ninguém os detivesse.

Quais são as raízes desta situação?

Os cristãos no Paquistão vivem hoje em graves condições de insegurança, não possuem representação pública e não contam no cenário político. Com o sistema de eleitorado conjunto (membros de minorias religiosas são eleitos nas listas de todos os partidos), os cristãos na política são nomeados por partidos políticos e são, portanto, condicionados. Estamos desaparecendo do cenário político. Quando pedi à polícia e instituições para intervirem a fim de deter a violência em Karachi, ninguém me escutou e todos parecem indiferentes. Ninguém leva a sério a situação dos cristãos, porque, na mente comum, somos cidadãos de "segunda classe".

O que pede à comunidade internacional?

Gostaria de dizer à imprensa internacional que é bem-vinda aqui para documentar as condições desumanas dos cristãos. A comunidade internacional muitas vezes ignora esta situação e a informação é importante. Passamos provações e as instituições não agem. Tentei ser uma voz forte em defesa dos cristãos, depois da morte de Shabhaz Bhatti. Confio no novo partido político de Imran Khan. Sei que, dizendo estas coisas, estou em perigo, mas o país precisa de vozes fortes que defenda a vida e os direitos dos cristãos. (PA) (Agência Fides 14/01/2012)


Compartilhar: