ÁFRICA/RD CONGO - Contestados os resultados das eleições legislativas, enquanto continua o confronto sobre o pleito presidencial

Quarta, 11 Janeiro 2012

Kinshasa (Agência Fides) - A República Democrática do Congo continua a viver um impasse político. Enquanto o Presidente Joseph Kabila prestou juramento em 20 de dezembro, o seu principal opositor, Etienne Tshisekedi (que afirma ter vencido as eleições presidenciais de 28 de novembro), em 23 de dezembro anunciou uma cerimônia de “juramento” no estádio dos Mártires em Kinshasa. As forças de ordem bloquearam as ruas de acesso à estrutura e, assim, Tshisekedi prestou juramento em casa, na presença de dezenas de partidários e líderes políticos da oposição. Tshisekedi continua a afirmar que é o "Presidente eleito".
"Como sair deste impasse? Os dois principais adversários de Joseph Kabila, Etienne Tshisekedi e Vital Kamerhe, propõem que a comunidade internacional contribua a constituir uma Comissão para verificar os resultados das eleições presidenciais. Tudo deveria ser reexaminado: as listas dos eleitores, os votos à distância e, naturalmente, a apuração das urnas", afirma numa nota enviada à Agência Fides, a Rede Paz para o Congo. "A Comissão Eleitoral Congolesa (CENI) está publicando os resultados parciais das eleições legislativas, que se realizam contemporaneamente com o pleito presidencial. Mas muitos candidatos estão denunciando irregularidades e fraudes. A comissão até mesmo suspendeu a publicação dos resultados, à espera da chegada de um grupo de especialistas internacionais que possa ajudar a tornar os resultados mais críveis", prossegue a nota.
A Rede Paz para o Congo destaca que, no confronto político, que sai derrotado é a população local: "O povo congolês já sofreu muito. Os cinco anos das primeiras rebeliões logo após a independência, os trinta anos de ditadura, os outros anos de guerra com mais de seis milhões de vítimas, os últimos cinco anos com uma classe política irresponsável (corrupção, enriquecimento ilícito, violações dos direitos humanos e dos princípios constitucionais), mas sempre protegida pela impunidade".
"O povo congolês não suporta mais que suas mulheres continuem sendo violentadas todos os dias, não aguenta mais pagar o salário mensal dos professores, não tolera mais que à frente do exército estejam criminosos de guerra, não aceita mais que as riquezas minerais sejam exploradas ilegalmente por empresas de mineração internacionais, sem nenhum benefício econômico para as populações locais, muito menos aceita agora que não se respeite sua vontade expressa nas urnas".
"O povo congolês exige a verdade das urnas a fim de continuar no caminho da democracia, da justiça, do respeito pelos direitos humanos, da paz e desenvolvimento", conclui a nota da associação promovida pelos missionários que trabalham na RDC. (L.M.) (Agência Fides 11/1/2012)


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