ÁSIA/ÍNDIA - Os cristãos: "No Ano Novo, é urgente fazer justiça para as vítimas dos massacres de Orissa"

Segunda, 2 Janeiro 2012

Bhubaneshwar (Agência Fides) – O novo ano deve amadurecer um fruto prioritário: a justiça para as vítimas dos massacres anticristãos ocorridos em Orissa: é o que pedem os cristãos indianos reunidos no All India Christian Council (AICC), organização comprometida com a defesa dos direitos dos fiéis na Índia. Os números fornecidos à Agência Fides pela Igreja local em Orissa falam sozinhas: sobre as mais de 3.500 denúncias apresentadas depois dos massacres de 2008, os casos registrados pela polícia são 827. Os casos levados aos tribunais depois das investigações caíram para 315 e os casos "que se encerraram com uma condenação" são somente 68, com 412 pessoas condenadas a penas leves. Os casos fechados com uma absolvição foram 140 e as pessoas absolvidas no total foram 1.900. Os casos ainda à espera de sentença, passados três anos dos trágicos eventos, são 304.
As cifras dizem que "a justiça ainda permanece um grande problema para os cerca de 56 mil cristãos para os quais a vida mudou radicalmente a partir de agosto de 2008", comenta numa nota enviada a Fides John Dayal, Secretário executivo da AICC. "Os agressores - recorda – pediam a eles que se convertessem ao Hinduísmo e queimassem uma Bíblia como sinal. Eles se recusaram a fazer isso e fugiram. Em 400 vilarejos, a presença cristã foi completamente cancelada, mais de 5.600 casas incendiadas e cerca de 295 igrejas queimadas, centenas de mortos, algumas mulheres, entre as quais uma freira, violentadas".
A tensão em Orissa hoje permanece alta, agravada pelo homicídio de um assistente legal, e ex-catequista católico Rabindra Parichha, que estava envolvido na proteção das testemunhas. As violências continuam: antes do Natal, no vilarejo de Bujlimendi, a casa de Kaleswar Digal, 45, cristão com mulher e três filhos, foi incendiada pouco depois da meia-noite. Agora, as 25 famílias cristãs do vilarejo de 100 casas vivem no medo.
Rabindra Parichha é o terceiro líder cristão morto em 2011, depois do homicídio dos dois Pastores protestantes Saul Pradhan de Banjamaha (Raikia) e Minoketan Nayak de Midiakia (Baliguda).
Segundo testemunhas oculares, Manoj Pradhan, membro da assembleia legislativa do estado de Orissa, e primeiro acusado em vários casos de homicídio, passou de uma aldeia a outra fomentando elementos anti-sociais a “eliminar todos os líderes cristãos de Kandhamal”. A polícia - denuncia a AICC – não ouve as denúncias de discursos sobre o ódio que ocorrem regularmente em manifestações de grupos extremistas hindus.
“O mais triste hoje em Orissa é a ausência da justiça, especialmente nos tribunais, onde nem mesmo uma pessoa foi condenada por homicídio sobretudo porque as testemunhas foram forçadas ao silêncio e a polícia apresentou poucas provas, depois dos inquéritos bastante medíocres” – conclui Dayal. (PA) (Agência Fides 2/01/2012)


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