ÁFRICA/ RD CONGO - Conflito sobre a Presidência: “o risco é que todo o país se inflame”

Quinta, 22 Dezembro 2011

Kinshasa (Agência Fides) – “O que acontecerá? O risco é o impedimento, com maneiras bruscas, do encontro de amanhã no Estádio dos Mártires. Pode haver outros mortos, que se somariam às dezenas de mortos nestas semanas pelo exército e a polícia. “O risco é que todo o país se inflame”, é o dramático apelo lançado pela “Rede Paz pelo Congo”, enviado à Agência Fides. Depois que em 20 de dezembro de 2011, Joseph Kabila prestou juramento como Chefe de Estado, a República Democrática do Congo vive uma expectativa de tensão pelo anúncio do juramento, como chefe de Estado, de Etienne Tshsekedi, previsto para sexta-feira, 23 de dezembro, no Estádio dos Mártires, em Kinshasa. Tshsekedi se auto-proclamou Presidente depois ter rejeitado os resultados das eleições de 28 de novembro apresentados pela Comissão Eleitoral Independente e avalizados pela Corte Suprema.
“Após o voto, Tshisekedi não fez discursos que fomentam a violência, mas se recusou a recorrer na Corte, considerada pró-Kabila. Permaneceu na pretensão da vitória e declara proceder consequentamente, sem dialogar com o adversário. O UDPS, seu partido, propõe manifestações pacíficas no país. Serão assim realmente? Come reagirá o antagonista, que administra forças militares quase sempre sem escrúpulos? O que será do povo? Servirá de tapete no ringue de dois boxeadores? – escrevem os missionários da “Rede Paz pelo Congo”.
“Não existe no país um figura carismática como um Martin Luther King, que mobilize e eduque a uma luta não-violenta. Existe sim, em muitos, a sensação de se ter chegado ao limite da tolerância, que pode levar a escolhas radicais” – adverte o texto.
A isto, soma-se um “presumível movimento de resistência à ocupação do Leste da RDC que lança seus manifestos convidando à mobilização geral e armada, para acabar para sempre com a ocupação do país por parte de Ruanda e Uganda e seus padrinhos na América e na Europa, e com o furto de suas riquezas”.
O caminho da violência, advertem os missionários, “já demonstrou suficientemente às populações do Leste do país que gera enormes sofrimentos, destruição e lutos. Na luta armada, os ideais mais puros se corromperam ao ponto que a população se encontrou circundada por bandidos. A condição de miséria e de falta de trabalho na qual se encontra a maior parte dos jovens pode ser útil para a formação de mão de obra violenta a ser usada em massacres”.
Para sair desta situação, a “Rede Paz para o Congo” propõe: exercer pressões sobre Kabila para que não recorra à violência; pedir aos dois expoentes e às forças políticas aliadas um diálogo no esforço de clareza e pelo bem do país: a revisão dos dados eleitorais, confiada a uma comissão internacional de controle, aceita pelas duas partes, com um prazo final especificado; um controle apurado na contagem dos votos das eleições legislativas, “pois já estão sendo denunciadas consistentes fraudes”; uma eventual divisão do poder entre Kabila e expoentes do partido de Tshsekedi. (L.M.) (Agência Fides 22/12/2011)


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