ÁSIA/ÍNDIA - "Duras perseguições" contra cristãos na Caxemira muçulmana

Segunda, 12 Dezembro 2011

Srinagar (Agência Fides) – Os cristãos na Caxemira sofrem duras perseguições por parte de grupos islâmicos extremistas que, no estado indiano de maioria muçulmana, também governam a política e a magistratura, anulando o estado de direito. Os 400 cristãos da capital Srinagar “estão em estado de pânico e incerteza no futuro”; não sabem se poderão celebrar o Natal, enquanto “a polícia age em nome da liderança política”, expressão da maioria muçulmana da população. É o que afirma um relatório, enviado à Agência Fides, redigido por uma delegação de líderes cristãos e ativistas de direitos humanos liderada pelo católico John Dayal, Secretário geral da organização ecumênica "All India Christian Council". A delegação esteve uma semana na Caxemira depois do episódio do Pastor cristão protestante Chander Mani Khanna, da "All Saints Church", deixar o país. O grupo queria verificar o respeito dos direitos humanos e da liberdade religiosa na Caxemira e encontrou uma situação “grave e alarmante”.
“Grupos islâmicos no vale da Caxemira parecem não considerar que, no resto da Índia, cristãos e muçulmanos são pequenas minorias e precisam uns dos outros para enfrentar o desafio dos grupos fundamentalistas hindus” - nota o Documento. “A total ausência de organizações de tutela dos direitos humanos e de uma Comissão para minorias na Caxemira dificultam a compreensão dos problemas, dos temores e dos sentimentos das comunidades religiosas minoritárias, como os cristãos” – explica o texto.
O Relatório recorda como "episódio inquietante" o fato que o "pastor Khanna tenha sido convocado por um tribunal da Xariá chefiado pelo Grão-Mufti Azam Kashmir Bashir-ud-din". O tribunal, lembram os cristãos, não é reconhecido pelo estado e “a Corte islâmica não tem alguma jurisdição sobre a minoria cristã”. Isto pode “ter graves repercussões para o Estado e suas minorias religiosas”. Este episódio faz emergir um urgente problema "sobre o estado da justiça no vale, onde a Ordem dos Advogados – também completamente muçulmana – se recusou em defender legalmente o Pastor". Khanna explicou à delegação que um pequeno grupo de cerca de sete pessoas, em maioria muçulmanas, depois de frequentar a Igreja durante dez meses com regularidade e grande devoção, insistiram para receber o Batismo. Não existe no estado uma “lei anti-conversão” e, “não é obrigatório informar o governo ou a polícia nestes casos”.
O governo local não “consegue controlar a situação e deter os grupos islâmicos extremistas”: por isso, o Relatório lança um apelo ao governo federal “para que tutele a laicidade em todo o país”, institua uma Comissão para as minorias na Caxemira, garanta o pluralismo, o multi-culturalismo e o respeito do estado de direito de Caxemira.
A presença cristã no vale da Caxemira é documentada a partir da metade do século XIX, com o advento dos primeiros missionários católicos e protestantes. Atualmente, existem cerca de 400 cristãos em todo o vale da Caxemira. A comunidade cristã abriu escolas que hoje são as mais importantes do estado, frequentadas em maioria por muçulmanos. No passado, a Caxemira foi palco de violências, iniciadas em 2003, com acusações aos missionários cristãos de fazer proselitismo e converter jovens muçulmanos.
(PA) (Agência Fides 12/12/2011)


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