ÁSIA/MIANMAR - Novas aberturas democráticas, mas as minorias étnicas continuam excluídas: mais de 110 mil desalojados

Sábado, 12 Novembro 2011

Rangum (Agência Fides) – Há sinais de abertura e novas brechas de democracia em Mianmar, mas não obstante os progressos, “o processo de reformas exclui, inexplicavelmente, as minorias étnicas: esta exclusão determina uma alta conflitualidade e uma grave carência na pacificação do país” – observa uma fonte da Fides na comunidade cristã birmanesa. Novas esperanças para o futuro democrático provêm da notícia de que a líder da oposição, Aung San Suu Kyi, poderia se candidatar nas próximas eleições: uma modificação na lei vigente relativa aos partidos políticos, já aprovada pelo Presidente Thein Sein, abre o caminho ao retorno oficial ao cenário político da “Liga Nacional pela Democracia”, partido de Aung San Suu Kyi. Segundo a fonte da Fides, “é uma notícia positiva” e “a comunidade internacional também pode saudar as reformas em Mianmar com cauto otimismo”. No entanto, numerosas Organizações Não-Governamentais, como a "Act for Peace", que faz parte de um Consórcio de associações humanitárias engajadas na assistência aos refugiados no confim entre Tailândia e Mianmar, garantem que “o pulso de ferro militar contra as minorias étnicas prossegue, com grande sofrimento e a desapropriação de milhares de pessoas”. No ano passado, segundo um Relatório do Consórcio de ONGs enviado à Agência Fides, “registrou-se um número de desalojados maior em relação ao total dos últimos 10 anos: mais de 100 aldeias de minorias étnicas foram destruídas em operações militares e pelo menos 112 mil pessoas foram obrigadas a fugir, principalmente em áreas habitadas pelas minorias karen, shan e kachin”.
A fonte da Fides explica: “Uma das principais causas do reinício da guerra foi a recusa, de alguns grupos étnicos, em se transformar em ‘forças de polícia de fronteira’: o exército fez esta proposta com a idéia de controlar e desativar os grupos armados. Por outro lado, os grupos pretendiam garantias que não lhes foram dadas. As negociações foram assim, interrompidas, e o conflito recomeçou asperamente, como o que está ocorrendo agora no norte do país, contra o povo kachin”. “Os militares – conclui a fonte – terão ainda voz poderosa no presente e no futuro do país. A comunidade internacional não deve subestimar as minorias étnicas. Além da situação dos ativistas políticos detidos, urge uma constante atenção para a questão das minorias étnicas e para a necessidade de reconciliação no país: só então poderá se ver algum progresso real”.
(PA) (Agência Fides 12/11/2011)


Compartilhar: