ÁSIA/PAQUISTÃO - Condenação à morte foi suspensa para o assassino do governador Taseer, abrindo-se a estrada para o “perdão islâmico”.

Quarta, 12 Outubro 2011

Lahore (Agência Fides) – O tribunal de Islamabad declarou admissível o recurso preparado pelos advogados de Mumtaz Qadri, réu confesso do assassinato do governador de Punjab, Salman Taseer, que havia defendido Asia Bibi e declarado emendável a “lei sobre a blasfêmia” (ver Fides 01/10/2011). O tribunal também suspendeu a sentença de condenação à morte imposta pelo tribunal antiterrorismo de Rawalpindi, até que sejam esgotados todos os recursos de apelo.
Qadri é defendido por um advogado de grande renome e reputação, Khawaja Muhammad Sharif, ex-juiz presidente da Alta Corte de Lahore, “sinal que os fundamentalistas que querem salvar Qadri têm muito dinheiro à disposição e colocaram em campo toda a sua força política”, observa uma fonte de Fides. A estratégia da defesa de Qadri pretende declarar o tribunal antiterrorismo “não competente por um defeito de jurisdição” (“Qadri não é terrorista”, afirmam) e pedir à Alta Corte de Islamabad de aplicar a jurisdição islâmica, graças à qual Qadri poderia ser libertado, aplicando-se o “diyat” (o chamado “preço de sangue”), com o qual o homicida pode ressarcir a família da vítima com uma soma em dinheiro, obtendo assim o “perdão” e a liberdade.
Na primeira audiência do processo de apelo, em Islamabad, que se realizou dia 11 de outubro, estavam presentes muitos militantes islâmicos da rede “Tahafuz-e-Namoos-e-Risalat” (Aliança para defender o nome do profeta), que insistem na sua liberação, dentro e fora do tribunal. Também alguns ulema queriam entrar na sala, mas o tribunal negou-lhes o ingresso.
Segundo um jurista cristão interpelado por Fides no Paquistão, “este andamento do processo de Qadri era previsto. A Alta Corte de Islamabad pode decidir aplicar o direito islâmico: esta é uma porta aberta, que poderia ser uma escapatória para a liberação de Qadri. Diante da comunidade internacional, o assassino foi condenado à morte (em primeira instância), assim o sistema judiciário paquistanês fica salvo. Diante dos fundamentalistas, por outro lado, é aberto o caminho para poder libertá-lo, apesar de tudo, aplicando o mecanismo do diyat”. (PA) (Agência Fides 12/10/2011)


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