ÁSIA/ÍNDIA - O Supremo Tribunal pede um novo relatório, mas "ainda não há justiça para os cristãos em Orissa"

Quarta, 31 Agosto 2011

Cuttack (Agência Fides) - A Justiça para os cristãos em Orissa afetados pela violência ainda está muito longe de acontecer, não obstante pequenos passos avante. O Supremo Tribunal pediu oficialmente à Comissão Nacional de Direitos Humanos para apresentar dentro de seis meses um novo relatório sobre a situação e a reintegração dos refugiados de Orissa, especificamente no distrito de Kandhamal, teatro em 2008 de violência anticristã e saques. A ordem do Tribunal segue um recurso apresentado pela Igreja Católica em Orissa que assinalava muitas lacunas, a violação dos direitos dos cidadãos cristãos, ressarcimento inadequado concedido aos que sofreram a perda de casas e propriedades.
O Supremo Tribunal Federal se disse "insatisfeitos" da resposta do governo local, afirmando que pretende continuar a investigar sobre o mau funcionamento dos programas de reconstrução e reabilitação de pessoas deslocadas, revendo o assunto em seis meses. O Tribunal condenou também o governo de Orissa pelo o atraso em pagar a indenização às vítimas.
“O governo fracassou miseramente em todas as atividades de reabilitação” – afirma o recurso assinado por Dom John Barwa, Arcebispo de Cuttack-Bhubaneswar, que pede um novo inquérito independente e solicita à Corte Suprema que quantifique os prejuízos dos cristãos. O recurso da Igreja, entre outras coisas, cita 230 igrejas e capelas danificadas ou demolidas.
A onda de violência deixou 100 mortos e atingiu 54 mil pessoas em 415 aldeias, obrigadas à fuga e ao desalento. Segundo dados fornecidos à Agência Fides pela Igreja local, mais de 6.000 moradias foram incendiadas e devastadas. Dos 3.232 casos de violência denunciados à polícia (aproximadamente metade dos reais, devido ao clima de intimidação persistente), a polícia registrou oficialmente 828. Destes 828 casos, só 327 foram processados no tribunal e 749 pessoas foram presas. Os tribunais de primeiro grau já absolveram 639 e apenas 19 processos por homicídio se concluíram com a condenação. 1.597 pessoas foram identificadas e libertadas, enquanto milhares de agressores não foram nem contatados pela polícia.
Em um colóquio com a Agência Fides, pe. Dibakar Parichha, padre e advogado da Diocese de Cuttack-Bhubaneswar que está acompanhando pessoalmente os processos, nota que a resposta do governo e dos tribunais em relação à comunidade cristã de Orissa, atingida pelos massacres de 2008, é “frágil demais: muitos culpados estão livres e demasiados crimes, como homicídios e estupros, continuam impunes”. Ele refere que os cristãos “estão desconfiados e se sentem abandonados pelas instituições: urge que o sistema judiciário, em nível federal, garanta e tutele os direitos”. (PA) (Agência Fides 31/8/2011)


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