ÁFRICA/SOMÁLIA - “A ação humanitária deve ser acompanhada por ações políticas” - diz à Fides o Administrador Apostólico de Mogadíscio

Segunda, 25 Julho 2011

Mogadíscio (Agência Fides) – “A corrida para enfrentar a emergência humanitária para salvar milhões de pessoas não deve esconder o problema principal, que é a falta de estrutura estatal” – diz à Agência Fides Dom Giorgio Bertin, Bispo de Djibuti e Administrador Apostólico de Mogadíscio, capital da Somália. Hoje, 25 de julho, foi inaugurada a reunião de emergência da FAO sobre a grave crise alimentar que atinge o Chifre da África. O país que corre mais riscos é a Somália, há anos vítima da guerra civil.
“O problema da Somália é a ausência do Estado – prossegue Dom Bertin -. Se não se levar em conta esta situação, continuaremos a tapar buracos sem resolver o problema. A ação humanitária, que deve ser feita com urgência, precisa ser acompanhada por um discurso político com os responsáveis somalis. Encontrei-me com alguns em Nairóbi, três semanas atrás – afirma Dom Bertin -. Eu lhes disse que o que está acontecendo deriva do fato que não conseguiram expressar uma verdadeira liderança, capaz de reconstruir as estruturas estatais. Eles, ao contrário, privilegiaram os interesses pessoais, das famílias e dos clãs”.
Segundo os Shabab (pertencentes ao movimento islâmico oposto ao governo de Mogadíscio), a emergência humanitária é enfatizada pela ONU para criar um pretexto para interferir na situação interna da Somália. Segundo Dom Bertin, “vigem diversas opiniões entre os Shabab. A pessoa que fez uma declaração a favor do retorno das ONGs é mais próxima aos clãs e entende que a população está morrendo de fome. Há outra componente, mais radical, ligada a certo contexto internacional a quem provavelmente esta tragédia não interessa”. “Resumindo, os Shabab não são tão unidos, mesmo que dêem a impressão de ser um movimento unitário” – encerra o Administrador Apostólico de Mogadíscio.
(L.M.) (Agência Fides 25/7/2011)


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