Órgão de Informação das Pontifícias Obras Missionárias desde 1927
Brasília (Agência Fides) - Assassinatos, ameaças de morte, falta de cuidados de saúde e educação, atrasos na regularização de terras, exploração dos recursos naturais: é o quadro da violência a que são submetidos os povos indígenas do Brasil, segundo o Relatório do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), que foi apresentado ontem na sede da Conferência Episcopal do Brasil (CNBB). A cada ano o CIMI coleta informações sobre a violência contra as pessoas e o patrimônio indígena e as violações dos direitos humanos, as ameaças contra as comunidades indígenas e dos povos isolados. Os editores do relatório constatam que infelizmente a situação de violência contra essas populações continua como ou pior do que no passado, quando milhares de indígenas foram dizimados. Segundas as informações enviadas à Agência Fides, durante a apresentação do Relatório de 2010 a antropóloga Lúcia Rangel, que coordenou o trabalho, destacou alguns dados significativos relativos ao ano passado: 60 índios foram mortos (o mesmo valor que se repete no terceiro ano consecutivo), outros 152 foram ameaçados de morte, 15 foram submetidos a atos de racismo e discriminação étnico-cultural, 27 foram vítimas de tentativa de homicídio. Foram registrados 33 casos de invasões e exploração ilegal dos recursos naturais em terras indígenas e danos ao patrimônio, além de 49 casos de atrasos ou omissões na regularização de terras. Também em 2010 foram mortos 92 crianças menores de cinco anos devido à falta de cuidados de saúde, enquanto em 2009 eram 15.
Segundo o coordenadora do Relatório de 2010 "a violência contra os povos indígenas existe, mas não é dada muita importância e terminam por se diluir. É claro que a violência é um fato, e o nosso objetivo é denunciar e informar as autoridades" .
O Secretário-Geral do CIMI, Dom Leonardo Ulrich Steiner, bispo da Prelazia de São Félix, Mato Grosso, que participou do lançamento do relatório, destacou a importância do compromisso da Igreja para os povos indígenas: "Os nossos irmãos e irmãs indígenas merecem o nosso respeito e a nossa admiração. Eles são os povos originários desta terra, nós somos 'invasores', não eles. Eu venho do Mato Grosso, e é inadmissível que os nativos sejam rejeitados ou excluídos pela nossa sociedade como acontece hoje, por isso lutaremos e apoiaremos sempre o CIMI e a causa indígena neste país. " (SL) (Agência Fides 01/07/2011)
