ÁSIA/ÍNDIA - Um “corredor da cor do açafrão” para atingir os cristãos: dois Memorandos ao Presidente da Índia

Segunda, 9 Maio 2011

Nova Délhi (Agência Fides) – Existe um verdadeiro “corredor da cor do açafrão” – a cor utilizada pelos integrantes de grupos extremistas hindus – que vai de uma parte à outra da Índia, no ocidente e no oriente, com o único objetivo: atingir de todas as formas as comunidades cristãs, com atos abertos ou subterrâneos. Esta denúncia está contida em dois Memorandos apresentados às autoridades máximas da Índia por comunidades cristãs, através de movimentos ecumênicos como o "Global Council of Indian Chrstians" (GCIC) e o "Catholic Secular Forum", organizações que acolhem fiéis de todas as confissões e que constituem antenas no território indiano para a tutela dos direitos e das liberdades fundamentais dos cristãos.
Nos últimos três anos, tornou-se evidente, por meio de mais de mil episódios anti-cristãos, que existe uma “linha de extremismo” que atravessa dos estados de Orissa, Chhattisgarh, Madhya Pradesh, Maharashtra e Gujarat no centro da Índia, assim como Andra Pradesh e Karnataka no sul do país.
"Verificaram-se mais de 100 casos de autêntico martírio de cristãos, milhares de refugiados, centenas de igrejas, comunidades e institutos atacados” – nota o Memorando submetido ao Presidente da Índia, Pratibha Patil, após a manifestação de protesto e jejum organizada em Orissa (veja Fides 5/5/2011). Justamente o estado de Orissa representa a “encruzilhada do ódio” e da tentativa de “faxina étnica” contra os cristãos – observa o texto. O documento recorda que "o nome de um líder extremista hindu, Indresh Kumran, já acusado por vários ataques terroristas, aparece entre os organizadores de massacres em Khandamal (distrito de Orissa, palco das violências de 2007-2008), realizados com a cobertura das autoridades militares”.
O massacre ocorrido em Orissa, nota o GCIC, "representa um teste para o governo sobre sua efetiva capacidade de promover a justiça”, é um teste sobre o funcionamento da justiça penal, mas também um teste sobre a eficácia do governo em garantir os direitos aos cristãos como a todos os outros cidadãos. O Memorando pede que Agência Investigativa Nacional (NIA) investigue e prove o envolvimento de líderes extremistas e de altos vértices militares e, em Orissa, coloque fim ao boicote imposto aos cristãos por parte de militantes de grupos radicais hinduístas como o "Rashtriya Swayamsevak Sangh" (RSS).
Um segundo documento sobre as perseguições anticristãs ocorridas em Karnataka foi apresentado à Presidente indiana, Pratibha Patil, e ao Vice-presidente, Mohammed Ansari. O Memorando, preparado por "Catholic Secular Forum", foi entregue pelo juiz Michael Saldanha, redator de um recente relatório que restabeleceu a verdade sobre as violências anticristãs registradas em 2008 (veja Fides 24/2/2011).
O texto expressa às autoridades indianas a crescente preocupação pelas condições de insegurança, às vezes inclusive de terror, nas quais vivem as comunidades cristãs, sobretudo nos Estados de Karnataka e Orissa. Estes são alguns dos pontos importantes sinalizados no Memorando: o aumento dos militantes extremistas hinduístas; a cobertura política dada ao partido nacionalista Baratiya Janata Party (BJP) aos grupos extremistas em muitos estados indianos, o enfraquecimento progressivo do caráter laico e tolerante do Estado; as delicadas questões apresentadas pelas chamadas “leis anticonversões”, medidas que violam a liberdade de consciência, e os falsos casos denunciados para atingir os cristãos; a lentidão da máquina estatal e judiciária na tutela das vítimas.
A Presidente Pratibha Patil se declarou “chocada” ao tomar conhecimento desses casos de “autêntica perseguição”, garantindo seu apoio pessoal para promover na União indiana a tutela dos direitos das comunidades minoritárias. (PA) (Agência Fides 9/5/2011)


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