ÁSIA/PAQUISTÃO - Pelo menos 20.000 crianças micro encefálicas obrigadas a mendigar

Sexta, 6 Maio 2011

Islamabad (Agência Fides) – No Paquistão, a pior forma de escravidão infantil em nome da tradição religiosa se tornou prática comum. No país, não existe nenhuma lei nem autoridade para tutelar esses escravos forçados, com problemas mentais, de seus patrões cruéis e da máfia que os obriga a mendigar. Em uma denúncia da Asian Human Rights Commission, se lê que as crianças, além de sofrerem os abusos dos gangster locais, todos os anos são introduzidos de modo secreto nos Emirados Árabes Unidos (UAE) para trabalhar como jóqueis de camelos. Segundo fontes locais, os dados coletados entre 2002 e 2010 registram cerca de 1000 crianças levadas aos UAE das regiões do Punjab meridional e do Sindh setentrional, a maior parte provenientes de Rahim Yar Khan, bairro periférico do Punjab. Até dois anos atrás, o Paquistão era considerado o centro de distribuição do tráfico infantil para os Emirados Árabes; graças ao empenho das organizações de tutela dos direitos humanos, das ongs internacionais e das mídias, no mês de junho de 2010 o governo trouxe para a casa a última criança-escrava paquistanesa que estava nos UAE.
No âmbito da tradição religiosa do país asiático, é preciso relevar a presença de grupos associados ao santuário dedicado a Pir Shah Daula, no Gujrat, da escola de pensamento Suhrawardi. Durante o reino do imperador Aurangzeb, Shah Daula tinha o poder de punir os pais com crianças micro encefálicas pertencentes aos santuários de diversas partes do país, chamados "Rats of Shah Daula". Segundo uma tradição milenária, as mulheres estéreis que rezam no santuário do Sufi Shah Daula ficam férteis com a condição de que o primogênito seja doado ao santuário como oblato. Essas crianças depois são vendidas pelos guardiões do santuário para que peçam esmolas. Trata-se de cerca de 20 mil crianças, principalmente do Punjab e Gujrat. Segundo os especialistas e os grupos de ativistas de defesa dos direitos humanos, no país é necessária uma forte ação do governo contra esses atos desumanos que ainda hoje são perpetrados contra esses seres indefesos. (AP) (6/5/2011 Agência Fides)


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