ÁSIA/JAPÃO - Despertar religioso no Japão ferido pelo cataclismo: o impacto sobre a sociedade do futuro

Terça, 12 Abril 2011

Tóquio (Agência Fides) – No Japão ferido pelos terríveis eventos naturais e atingido pelo desastre nuclear, se assiste a um forte despertar religioso: foi o que disse à Agência Fides Pe. Olmes Milani CS, missionário escalabriniano brasileiro que vive a Tóquio, atento observador da realidade japonesa. “Existe um evidente retorno à oração e aos valores espirituais, numa sociedade normalmente considerada materialista e que visa somente a produção e o lucro” – ressalta o missionário. Segundo as pesquisas, 86% dos japoneses não acreditam em nada, mas “a catástrofe que afetou o país despertou as consciências, as necessidades e os valores espirituais. As pessoas param para rezar nos santuários budistas e xintoístas. Todos rezam: os voluntários do exército e as vítimas do tsunami que são atendidos. Também em nossas igrejas católicas existe um afluxo de pessoas que não são católicas que se detém em oração” – recorda Pe. Olmes. “Foram despertados, recorda o missionário, valores como a fraternidade e a solidariedade, diante do individualismo exagerado que domina as relações sociais”. Por isto, “todos estão convencidos de que esta tragédia terá um forte impacto sobre a sociedade nipônica do futuro: os japoneses serão mais abertos e disponíveis para com os outros, e também para com os estrangeiros”. Comove muito, por exemplo – explica Pe. Milani, as ajudas que estão chegando de países considerados hostis como a China, as Coréias do Sul e a do Norte, que colocaram à disposição suas reservas de água. "Este é o bem que pode nascer desta tragédia: aprender a ver os outros como irmãos”. Sobre o fato que esse despertar possa se tornar uma oportunidade de evangelização, o missionário disse à Fides que “a fé cristã permanece sempre, em nível cultural, uma religião estrangeira, e então será difícil superar tal barreira, mas, no entanto, está crescendo a cooperação e a colaboração entre fiéis de várias religiões, na consciência de contribuir ao bem da sociedade”. Enquanto as alarmantes notícias sobre o desastre nuclear (que talvez chegou ao nível de alerta “7”), “fazem aumentar o medo, a ânsia, o sentido de impotência e precariedade na população”, a pequena Igreja Católica japonesa (0,7% da população) “obtém força da oração para a sua missão e se confia à Providência”. É ainda louvável e muito apreciado – destaca pe. Milani – o esforço de solidariedade realizado por todas as Dioceses na acolhida nos refugiados do tsunami e no constante apoio oferecido à Caritas Japão, engajada na assistência por meio do “Centro de ajudas” instituído em Sendai. “Devem ser também recordados – conclui o missionário – todos os imigrantes que ao permanecer no Japão dividindo a sorte da nação, foram dentre os primeiros a oferecer-se como voluntários nas áreas atingidas pelo desastre”. (PA) (Agência Fides 12/4/2011)


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