ÁSIA/NEPAL - Incêndio em dois campos de refugiados: mais de 5 mil civis sem assistência

Sábado, 2 Abril 2011

Jhapa (Agência Fides) – Os episódios ocorridos nos últimos dias no Nepal despertam algumas questões: dois acampamentos de refugiados na região leste do país foram incendiados e o balanço é pesado, com mais de 700 alojamentos destruídos e mais de 5 mil pessoas dentre mulheres, crianças e anciãos, perderam a assistência. É o que denuncia à Agência Fides o Jesuit Refugees Service (JRS) que atua na região trabalhando com a assistência alimentar, de saúde e educacional para mais de 30 mil refugiados provenientes do vizinho Butão e que estão acampados na área de confim com o Nepal. O padre jesuíta P. S. Amal, diretor do JRS no Nepal, afirma preocupado: “É difícil crer que dois incêndios tenham se verificado no mesmo dia, 22 de março, simultaneamente, em dois campos de refugiados. Agora, é necessária urgentemente assistência econômica para reconstruir os alojamentos e recuperar os serviços destinados a mais de 5 mil pessoas que estão completamente abandonadas a si mesmas”. Os jesuítas e os agentes voluntários tentaram dominar as chamas do campo de Goldhap (cujas 500 tendas se transformaram em cinzas em pouco mais de uma hora) e nada puderam fazer quando chegou a notícia de que o campo de Sanischare também estava ardendo que mais de 180 tendas foram queimadas. Foram destruídos também um parque de diversões para crianças e um ambulatório médico, ambos administrado pelos Jesuítas, assim como um posto de saúde da “Association of Medical Doctors of Asia” (AMDA). 
O governo dispôs um inquérito sobre o ocorrido e instituiu um comitê de emergência para a assistência inicial aos 5 mil refugiados prejudicados, em colaboração com o Alto Comissariado para Refugiados, com o JRS e a Caritas. Jovens voluntários que trabalham com o JRS começaram a distribuir víveres, enquanto a Cruz Vermelha ofereceu cobertas e o ACNUR está re-colocando os refugiados. Existiam 69 mil refugiados butaneses no Nepal. Mais de 36 mil destes já se dirigiram a países como Estados Unidos, Austrália, Canadá ou União Europeia. A crise dos refugiados do Butão no Nepal é uma das mais antigas dos refugiados na Ásia: no início da década de 90, mais de 100 mil pessoas deixaram o Butão em um êxodo forçado que levou ao Nepal um sexto da população nepalesa. Os refugiados vivem em sete acampamentos no leste do Nepal (que o governo hoje quer reduzir). O JRS foi uma das primeiras organizações a cuidar deles, garantindo principalmente a instrução para crianças e jovens. Butão, governado por uma monarquia absoluta hereditária, promoveu uma política baseada no princípio “uma só nação, um só povo”, penalizando minorias étnicas e religiosas. (PA) (Agência Fides 2/4/2011)


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