ÁSIA/SRI LANKA - Diocese de Mannar: "O Governo se comprometa com a verdade sobre as violações dos direitos humanos"

Quinta, 3 Fevereiro 2011

Mannar (Agência Fides) - O governo de Sri Lanka "deve demonstrar um compromisso público com a verdade sobre os eventos registrados durante décadas de guerra civil. Este compromisso é um pré-requisito indispensável para qualquer esforço de reconciliação": é o que afirma numa nota da Diocese de Mannar, enviada para a Comissão de Reconciliação, instituída pelo Governo do Presidente Rajapaksa (a chamada “Lessons Learnt and Reconciliation Commission”, LLRC). A nota, assinada pelo Bispo de Mannar, Dom Joseph Rayappu, e enviada à Fides, sublinha a necessidade urgente de "não cobrir a verdade sobre as violações dos direitos humanos e o direito humanitário", pedindo um esclarecimento explícito sobre o destino de mais de 146 mil cidadãos da área de Vanni, dos não se tem nenhuma notícia desde o fim da guerra. Reconhecendo a importância da obra para a reconciliação nacional, a Igreja local "desaprova as ações da anterior Comissão de Inquérito que faliu ao fazer emergir a verdade sobre as violações dos direitos humanos e sobre as execuções extrajudiciais", citando uma série de episódios clamorosos como o ataque à Igreja Católica em Pesalai (na diocese de Mannar), onde civis haviam se refugiado, e da morte do sacerdote católico Pe. Jim Brown, ambos ocorridos em 2006. A Igreja ressalta que a visita em Mannar dos representantes da Comissão para a Reconciliação foi muito breve: três dias para recolher informações e provas sobre mais de 30 anos de conflito. A Igreja local assinala que na área de Mannar, milhares de famílias estão ainda desalojadas, e que há 20 meses do fim da guerra não possuem moradias, não dispõem de meios de subsistência, água e serviços básicos como saúde e ensino. No passado, a Comissão para a Reconciliação foi fortemente criticada por um grupo de ONGs internacionais e setores da sociedade civil de Sri Lanka (veja Fides 3/11/2010). As ONGs apontaram “a ausência de independência e credibilidade”, condições essenciais para conduzir um inquérito sério sobre os abusos e uma eficaz obra para a reconciliação. (PA) (Agência Fides 3/2/2011)


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