ÁSIA/MALÁSIA - Um antigo Dicionário latim-malaio é a prova decisiva para permitir aos cristãos usar a palavra "Alá"

Terça, 18 Janeiro 2011

Kuala Lumpur (Agência Fides) - Um antigo diocenário latim-malaio, publicado pela Congregação de Propaganda Fide em 1631, representa para a Igreja Católica na Malásia, “a prova decisiva na questão do uso do termo Alá para os cristãos": foi o que disse numa entrevista à Agência Fides, Pe. Andrew Lawrence, sacerdote de Kuala Lumpur e diretor do Herald Weekly, o semanário da Diocese Católica de Kuala Lumpur, que um ano atrás, estava no centro da batalha legal sobre o uso da palavra "Alá" para se referir a Deus na adoração, liturgia e publicações cristãs (ver Fides12/1/2010). O semanário e a Igreja malaia iniciaram uma disputa legal no Tribunal Superior, após o veredicto do governo da Malásia ter proibido aos cristãos da Malásia de usar a palavra "Alá" para o seu Deus. Alá, dizia-se no decreto, deve continuar a ser prerrogativa dos fiéis muçulmanos para evitar confusão. Por outro lado, os cristãos, argumentavam que o uso foi comum durante séculos e nunca tinha gerado conflitos. A Alta Corte decidiu em favor da Igreja e a sentença causou, em janeiro de 2010, uma onda de violência contra as igrejas cristãs em todo o país, a obra de radicais islâmicos (ver Fides 16/1/2010). O governo da Malásia no entanto, interpôs recurso e a sentença foi suspensa: no momento, portanto, "não podemos usar a palavra Alá. Estamos esperando pacientemente, mas parece que o novo processo vai levar tempo", observa Pe. Andrew. Nesta situação, o padre vê como "uma dádiva de Deus", a nova publicação da "Dictionarium Malaio-Latim e Latim-Malaio", que teve lugar após 11 anos de rigorosa pesquisa histórica e edição, graças ao impulso e interesse do Bispo de Trento, Dom Luigi Bressan, que foi Delegado Apostólico na Malásia de 1993 a 1999. A preciosa cópia original do precioso Dicionário está agora na biblioteca da Pontifícia Universidade Urbaniana. Na edição nova, moderna, Dom Bressan escreveu um prefácio para o dicionário, que é "um texto histórico e prova irrefutável de que séculos atrás os missionários trabalharam para o intercâmbio cultural e lingüístico e que a comunidade cristã na Malásia, utilizava em 1600, a palavra "Alá", disse o Pe. Andrew. "Apresentaremos mais esta prova ao tribunal, dizendo que é uma experiência de herança para as comunidades cristãs da Malásia", acrescentou. O governo e alguns grupos muçulmanos, disse à Agência Fides o sacerdote, gostariam de colocar a questão no plano teológico, mas "para nós permanece apenas uma questão de linguística e queremos permanecer nesta área". Neste momento, disse o Pe. Andrew, "continuamos em nossa pacífica campanha acompanhando este processo com a oração, para que nos seja restituído o direito de rezar e se dirigir a Deus com o nome que sempre usamos, que utilizaram nossos pais, e que nunca tinha criado nenhum problema". (PA) (Agência Fides 18/1/2011)


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