Órgão de Informação das Pontifícias Obras Missionárias desde 1927
Kinshasa (Agência Fides)- “O drama do leste da República Democrática do Congo (RDC) continua, enquanto a Comunidade internacional assiste impotente, indiferente, passiva ou, até mesmo, cúmplice” afirma a newsletter, enviada à Fides pela “Rede Paz para o Congo”, promovida pelos missionários.
“Homicídios, estupros, ataques a mão armada e saques fazem parte de uma longa lista de crimes perpetrados contra uma população civil indefesa e sofrida, são as consequências nefastas de um terrível tráfico de armas e da exploração ilegal dos recursos minerais” acusam os missionários. Recentemente, Dom Mélchisédech Sikuli Paluku, Bispo de Butembo-Beni, e todo o clero local, denunciou que no Norte do Kivu “está em gestação um genocídio” (ver Fides de 27/11/2010).
“Sabe-se que no Ocidente a política está condicionada pelos interesses financeiros e econômicos. Por isso, a Comunidade internacional, destinatária dos recursos minerais provenientes da RDC, teme o conflito com as multinacionais, verdadeiras detentoras do poder, e cala-se diante da tragédia congolesa. É verdade que, no âmbito internacional, começam a aparecer algumas propostas para combater o comércio ilegal de recursos naturais. Nesse sentido, o Congresso americano aprovou uma lei que, a fim de evitar importações de minerais fornecidos por grupos armados, exige que as multinacionais americanas comprovem a origem dos minerais originários da RDC. Trata-se de um pequeno avanço, mas é só o começo” afirma a “Rede Paz para o Congo”.
A exploração ilegal dos recursos minerais, infelizmente, conta com cúmplices locais: grupos armados, oficiais militares e responsáveis políticos congoleses deixam-se facilmente corromper pelas multinacionais estrangeiras, tendo em vista o enriquecimento pessoal a despeito do bem comum de toda a população.
No dia 26 de novembro, em Parma, foi realizada a Mesa redonda com o título “Despir o véu do silêncio no sul do Congo. Os massacres na RDC e o saqueio de recursos no recente Relatório da ONU”. Trata-se do relatório, de cerca de seiscentas páginas, do Alto Comissariado da ONU para os Direitos humanos, publicado oficialmente no dia 1° de outubro de 2010, com o título: "Relatório do Projeto Mapping concernente às violações mais graves dos direitos humanos e do direito internacional humanitário, cometidas entre março de 1993 e junho de 2003 no território da República Democrática do Congo”. A Mesa Redonda foi promovida pela Rede Paz para o Congo, do Departamento de Estudos Políticos e Sociais e pelo Curso de Graduação Magistral em Jornalismo e Cultura editorial da Universidade de Parma. Entre os oradores estava Mathilde Muhindo Mwamini, deputada nacional no Congo, empenhada no apoio às mulheres em Bukavu, na província do Sul do Kivu, que deu testemunho da amplitude do drama das mulheres do leste da RD Congo, alvo da violência da guerra, vítimas de estupros e abusos de todos os tipos, infligidos para humilhar todo um povo e destruir o seu futuro. (L.M.) (Agência Fides 10/12/2010)
