Órgão de Informação das Pontifícias Obras Missionárias desde 1927
Abdijan (Agência Fides) – “Não somente nós os Bispos, mas também os sacerdotes, os religiosos e os leigos somos todos discípulos que hoje o Senhor envia ir além do próprio mundo para levar Jesus Cristo a todos. Cada um tem a sua vocação, mas somos todos responsáveis pela missão da Igreja”. Foi o que recordou o Card. Josip Bozanić, Arcebispo de Zagabria e Vice Presidente do CCEE (Conselho das Conferências Episcopais da Europa), em sua saudação na abertura do Seminário sobre o tema: “Nova situação da missão Ad Gentes. Intercâmbio de padres e agentes pastorais – Formação - Vocações” que acontece em Abdijan na Costa do Marfim, de 10 a 14 de novembro. O evento foi organizado pelo Simpósio das Conferências Episcopais da África e Madagascar (SECAM/SCEAM) e pelo CCEE (ver Fides de 5/11/2010).
Depois de ter percorrido a história dos Seminários, depois o Primeiro Simpósio CCEE/SECAM de 2004, o Card. Bozanić apresentou o tema deste terceiro Simpósio, recordando que “em tempos de grande mobilidade de pessoas, os cristãos também se tornam migrantes e com frequência precisam que ao seu lado haja sacerdotes que falem a sua língua e estejam com eles”. Outro aspecto do intercâmbio das pessoas empenhadas na missão da Igreja diz respeito às vocações: “A Europa está perdendo em muitos lugares a força da sua fé que uma época levou milhares de missionários ao mundo todo –recordou o Cardeal -. Então viemos bater à porta das dioceses mais vivas na África para pedir ajuda. E são muitos os sacerdotes africanos que vivem como missionários na Europa. Além disso, vivem na Europa também aqueles que vieram para estudar”. A esse propósito, destacou a necessidade de “estar atento porque a teologia, como ciência da fé, não se torne uma ideologia, mas que seja sempre fiel à doutrina da Igreja, capaz de traduzir para os homens de hoje a palavra de Deus”. De qualquer forma, também os europeus vão para a África por vários motivos, e “seria bom que aqueles que têm uma fé viva, possam compartilhá-la com os seus irmãos africanos de modo a retornarem à Europa, como muitas vezes ocorre, com uma fé mais profunda e uma esperança mais enraizada e, portanto, mais forte”.
O Card. Théodore Adrien Cardinal Sarr, Arcebispo de Dakar, Primeiro Vice-presidente do SCEAM, na sua Introdução manifestou, acima de tudo, a alegria “de oferecer a hospitalidade africana e cristã, aos participantes deste terceiro Seminário SCEAM/CCEE”, assim, referindo-se ao tema do Seminário, que leva em consideração as pessoas chamadas “agentes apostólicos”, “agentes pastorais”, disse: “temos consciência de que a Missão, por vontade divina, não pode ser realizada sem a participação dos seres humanos. Queremos especialmente analisar a sua Formação e a sua Vocação, esse chamado divino que está na origem de seu empenho no cumprimento da missão”. O Concílio Vaticano II afirmou claramente a natureza missionária da Igreja, e sobre isso os trabalhos do Seminário ofereceram motivos para reflexão, contudo, continuou o Card. Sarr, podemos reiterar a partir de agora “que a Igreja foi, é e será missionária, sempre e em todos os lugares”. “Assim, também as jovens Igrejas, como aquelas da África, devem cultivar o sentido e o ’empenho missionário – reiterou o Cardeal -. A atividade missionária que tornou possível a sua fundação, deve continuar internamente, para o aumento em quantidade e qualidade, para o amadurecimento da fé e da vida cristã de seus membros. Ao mesmo tempo, devem eles próprios tornarem-se protagonistas do anúncio de Jesus Cristo e do seu Evangelho aos homens e mulheres que ainda não a conhecem, em seus territórios e em outros territórios e outros países.” O Card. Sarr destacou, assim, o quanto é “necessário e urgente” o empenho para a Missão Ad Gentes e ad extra das jovens Igrejas como aquelas da África, considerando a situação das Igrejas mais antigas, como as da Europa, que enfrentam o sério desafio da secularização e da pós-modernidade.
Na mensagem enviada aos participantes do Seminário, o Card. Ivan Dias, Prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos, que deveria ser representada pelo seu Secretário, o Arcebispo Robert Sarah, recentemente nomeado Presidente do Pontifício Conselho Cor Unum, destacou que “a nova situação da Missão Ad gentes é hoje uma autêntica prioridade e uma verdadeira urgência pastoral. A questão do intercâmbio de pessoal apostólico, os problemas da formação e das vocações representam uma importante necessidade”. O Cardeal manifestou depois a preocupação do Dicastério Missionário pela situação de diversos padres africanos que exercem o seu ministério ou estão na Europa sem o consentimento de seu Bispo, desejando que a partir do Seminário surjam propostas concretas para regularizar essa situação, uma vez que “a unidade da Igreja, a comunhão eclesial, é a condição para realizar a Missão”. Enfim, reafirmando que “a Igreja não pode ficar sem a atividade missionária… cuja tarefa principal é anunciar Cristo”, o Card. Dias ressaltou que “a promoção humana, mesmo sendo parte integrante da obra evangelizadora, não pode e não deveria em nenhum caso colocar-se acima da missão primária da Igreja, nem fazer com que ela perca o seu significado essencial”. (SL) (Agência Fides 11/11/2010)
