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Jos (Agência Fides) - “Foi incrível ver o que a crise de 17 de janeiro de 2010 causou nos habitantes de Jos e em suas redondezas. A loucura, livre de agir, provocou a destruição de igrejas e mesquitas e diversas pessoas foram obrigadas a deixar suas casas e estabelecimentos comerciais, destruídos” – escreve Dom Ignatius A. Kaigama, Arcebispo de Jos, capital do estado nigeriano de Plateau, onde periodicamente se verificam atritos inter-comunitários (veja Fides 25/3/2010), com consequências realmente pesadas para a população local. Em um artigo publicado localmente e enviado à Fides, Dom Kaigama recorda que “as pessoas viram suas economias queimadas e seus entes queridos mutilados ou mortos. A natureza comunitária da vida familiar foi ameaçada; muitas famílias, divididas pela crise, foram obrigadas a viver a quilômetros de distância e a se encontrar raramente para curar as feridas recíprocas e se separar novamente”.
Dom Kaigama escreve que nem sempre foi assim: “sem dúvida, Jos era uma das cidades mais tranqüilas da Nigéria, favorecida por um clima sereno e belezas naturais. O calor e a generosidade de seu povo conquistou muitos. Nas últimas décadas, a exploração minerária do estanho gerou uma variedade de atividades locais, nacionais e internacionais que atraiu cidadãos de vários países a Jos. Não surpreende que o estado tenha adotado o nome de “Casa da paz e do turismo”. Infelizmente, a crise de 2001 gerou cepticismo e animosidade entre a minoria, constituída pela comunidade de colonos muçulmanos Hausa / Fulani e a maior parte dos indígenas cristãos. Antes da crise, as duas comunidades compartilhavam, de certa forma, festividades sociais, religiosas e políticas, com pouco o nenhum preconceito ou discriminação”.
A Igreja católica, com os homens de boa vontade de outras crenças, tenta colocar fim a esta situação e ajudar as vítimas da violência. O Arcebispo de Jos recordou, de modo especial, o Emir Haruna Abdullahi de Wase, falecido recentemente (veja Fides 6/10/2010), como uma das personalidades mais engajadas na construção de pontes entre as diversas comunidades da área. Além da Igreja local, a comunidade católica universal está comprometida com as ajudas aos habitantes do estado de Plateau e na busca da paz, como demonstra a recente visita a Jos do Cardeal Peter Turkson, Presidente do Pontifício Conselho da Justiça e da Paz.
Dom Kaigama conclui descrevendo sua visita à aldeia de Mazah, que foi atacada em 17 de julho passado, “Fiquei surpreso ao ler uma faixa com os dizeres “a maior arma contra a violência é o perdão”. O que há de mais verdadeiro? O bem pode realmente derrotar o mal, desde que haja a vontade”.
(L.M.) (Agência Fides 4/11/2010)
