AMÉRICA/NICARÁGUA - “A crise na Nicarágua não é tanto política, mas ética. Devemos recuperar os valores de nossa sociedade” - afirma o Bispo auxiliar de Manágua

Segunda, 18 Outubro 2010

Manágua (Agência Fides) – Dom Silvio Baez, Bispo auxiliar de Manágua, lançou um apelo à classe política para que volte sua atenção aos pobres, sem segundos fins. “O populismo e o paternalismo político são uma contínua tentação – disse Dom Baez em uma entrevista ao Canal 12 da TV – e podem perigosamente se tornar um meio de propaganda ideológica do partido, dos próprios interesses. Os pobres não devem ser usados, mas é preciso colocar-se a seu serviço, dar-lhes dignidade e ajudá-los através de um trabalho digno”. Interpelado sobre as declarações recentes do presidente Daniel Ortega, em que criticou os sacerdotes porque de seus púlpitos convidam a população a fazer valer seus direitos, o Bispo auxiliar de Manágua disse não se sentir tocado por estas declarações, pois não defende os interesses de nenhum partido político. Na nota da Conferência Episcopal, enviada à Agência Fides, consta: “Não me arrependo do que disse – reitera Dom Baez. Na catedral, eu disse que o povo tem o direito de pedir explicações aos políticos porque foi o povo que os colocou no cenário político, onde estão para servir a sociedade e não eles mesmos”. O Bispo acrescentou que o problema principal da Nicarágua é a falta de trabalho digno, que dê dignidade às pessoas e leve o país ao desenvolvimento. Observou ainda a carência de estruturas jurídicas prepostas à segurança dos investimentos nacionais e estrangeiros. E reafirmou que “quando os Bispos falam e se referem a questões sociais e políticas, o fazem porque estão convencidos de que a história e a sociedade não são apenas o cenário no qual os homens agem, mas são o local no qual se realiza o projeto de Deus, um projeto de justiça e de paz”. “Não queremos entrar no âmbito político, mas toda a vida do ser humano é política” – disse ainda o Bispo. Dom Baez acrescentou que “a crise na Nicarágua não é tanto política, mas ética. Devemos pensar em recuperar os valores de nossa sociedade. Acredito que o ‘caudilhismo’, o servilismo, a venda da consciência, a manipulação dos pobres, a ânsia de poder não relacionada à atitude de serviço ao povo, a falta de humildade em ceder o lugar a outros, à luz da fé cristã, sejam pecados”.
(CE) (Agência Fides, 18/10/2010)


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