ÁFRICA/SUDÃO - Os líderes cristãos sudaneses na ONU: “riscos de guerra se não for respeitada a vontade popular”

Terça, 12 Outubro 2010

Cartum (Agência Fides) - "O povo do sul do Sudão espera ser respeitado o seu direito à autodeterminação em 9 de janeiro de 2011. Negar esse direito significa negar a sua dignidade humana", disse um comunicado enviado à Agência Fides pelo Sudan Council of Churches (SCC), uma delegação está visitando a sede da ONU em Nova York. O SCC é composto por líderes de denominações cristãs presentes no Sudão, incluindo a Igreja Católica. Em 09 de janeiro, se vota no referendo sobre a independência do sul do Sudão, estabelecido no Acordo Inclusivo de Paz (CPA), assinado em Nairóbi (Quênia), em 2005, que pôs fim a uma guerra de vinte anos entre o norte e o sul do Sudão. Ao aproximar-se do referendo está aumentando a tensão entre o Norte e o Sul do Sudão, a ponto de que alguém sugeriu o adiamento da votação. "O cancelamento ou adiamento do referendo, ou a percepção de que o resultado do referendo não representa a vontade do povo, não será aceito pela população e poderá produzir um perigoso vácuo que poderia ser preenchido pela violência e até mesmo o retorno da guerra. A comunidade internacional deve estar preparada para enfrentar um desafio do resultado do referendo", dizem os líderes cristãos. O documento recorda o dever da comunidade internacional, garante acordos e intervir: "o reconhecimento do princípio da autodeterminação deve ser o princípio de autodeterminação deve ser o princípio orientador a fim de evitar a guerra; o retorno à guerra seria uma falha moral por parte de todos aqueles que se comprometeram a colocar em prática o CPA, incluindo os garantes do acordo e a comunidade internacional". Em relação ao referendo sobre a atribuição de Abyei (região disputada entre norte e sul) o comunicado diz que "é muito atrasado e está sujeito às disputas e tentativas de renegociar os acordos alcançados". Os líderes religiosos se dizem preocupados com os sudaneses do sul do Sudão que vivem no norte. "A segurança e os direitos humanos (incluindo o direito à liberdade de religião) de pessoas originárias do sul que vivem no norte do Sudão estão em perigo, antes, durante e depois do referendo. Já existem ameaças e intimidações e se criou um clima de medo. Alguns habitantes do sul querem voltar para o sul, mas não têm recursos para fazê-lo. Outros vivem no norte do país há várias gerações e para eles seria muito difícil estabelecerem-se no sul". (L.M.) (Agência Fides 12/10/2010)


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