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Kinshasa (Agência Fides) - “Penso que o relatório da ONU obrigará a comunidade internacional a refletir mais sobre os recentes eventos da região" – disse à Agência Fides, Pe. Loris Cattani, missionário xaveriano com uma longa experiência na República Democrática do Congo e componente da “Rede de Paz no Congo”, comentando o relatório publicado em 1° de outubro pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os direitos humanos sobre as graves violações do direito humanitário ocorrido na República Democrática do Congo (RDC, ex Zaire) de 1993 a 2003. Nas 550 pagine do relatório são apresentadas 617 graves violações dos direitos humanos internacional no período em questão. Em somente dez anos, "milhares de pessoas foram mortas e muitas outras violentadas, mutiladas e foram vítimas de outras atrozes violências" – afirma o documento, que denuncia também os estupros sistemáticos, usados como verdadeira "arma de guerra". Os ataques aparentemente sistemáticos e generalizados no período de 1996 e 1997 contra o grupo étnico hutus e em particular os refugiados hutus ruandeses que chegaram à República Democrática do Congo, revelam vários aspectos que poderiam que "poderiam ser definidos crimes de genocídio", se provados "diante de um tribunal competente" – afirma o documento, que ressalta que existem "algumas considerações contrárias" que poderiam levar um tribunal a "concluir em favor da ausência de uma intenção específica, necessária para estabelecer que foi cumprido um crime de genocídio". O relatório causou fortes polêmicas nos países próximos à RDC, chamados em causa no documento. "Ocorre uma reflexão aprofundada sobre uma questão que permanece muito delicada. Parece-me que este documento possa ser um passo adiante para chegar á verdade sobre aqueles anos, primeiro ato para uma verdadeira pacificação da região" – conclui o missionário. (L.M.) (Agência Fides 4/10/2010)
