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Cartum (Agência Fides) - O governo do sul do Sudão decidiu munir de armas modernas as milícias rurais de autodefesa conhecidas como “Arrow Boys”. Tais milícias, que até agora utilizavam, sobretudo armas brancas (machados), fora instituídas para defender as aldeias do Estado do Equador Ocidental de ataques do Exército de Resistência do Senhor (LRA), grupo nascido no norte de Uganda que há alguns anos semeia terror em uma vasta área entre o nordeste da República Democrática do Congo, o sudeste da República Centro-africana e o sudeste do Sudão. O Parlamento do sul do Sudão (região que graças aos acordos de paz de 2005 goza de autonomia e tem governo e parlamento próprios), decidiu destinar 5 milhões de liras sudanesas (cerca de 2 milhões de dólares), ao fornecimento de armas de fogo, sistemas de comunicação e treinamento de grupos de autodefesa por instrutores ex-membros do Exército de Libertação do Povo Sudanês (SPLA), ex-guerrilha que desde os acordos de paz de 2005 governa o regime autônomo do sul do Sudão. A decisão das autoridades sudanesas de reforçar as defesas contra os guerrilheiros do LRA explica-se pelo temor de que o grupo possa desestabilizar a segurança, às vésperas do voto de janeiro de 2011. O referendo deverá estabelecer se o sul do Sudão continuará a fazer parte do Sudão (no quadro de autonomia administrativa) ou se será um Estado independente. Em 10 de setembro, os líderes religiosos dos 4 países atingidos por ataques violentos do LRA subscreveram um acordo para exercer pressões em nível local e internacional e colocar fim, de modo pacífico, com as violências do grupo (veja Fides 14/9/2010 e 21/9/2010). No documento final, publicado no encerramento do encontro, os líderes destacaram que os “Arrow Boys” “não são encorajados pelo SPLA, que desta forma, subestima seu potencial de erradicar o LRA”. A decisão de armar os “Arrow Boys” pode, portanto, constituir uma mudança de comportamento das autoridades do sul do Sudão em relação às milícias de autodefesa. O governo local teme, provavelmente, que estes grupos possam fugir a seu controle e - com efeito - o Governador do Estado do Equador Ocidental especificou que uma vez terminada a emergência do LRA, as armas distribuídas às milícias de autodefesa serão confiscadas ao exército.
(L.M.) (Agência Fides 27/9/2010)
