ÁSIA/PAQUISTÃO - Islâmicos radicais sempre mais ativos nos socorros: alarme da sociedade civil

Quinta, 16 Setembro 2010

Islamabad (Agência Fides) – Enquanto a máquina das ajudas humanitárias se movimenta, grupos islâmicos radicais se organizam e encontram sempre maior espaço nas operações de assistência aos desabrigados: este é o alarme feito à Agência Fides pelas ONGs, por voluntários e líderes católicos, além das instituições civis paquistanesas. Enquanto as chuvas e as inundações continuam no sul do país, e o governo está em dificuldade, “os grupos islâmicos preenchem o vazio deixado pelas instituições. Os campos organizados pelo governo e administrados pela defesa civil não conseguem acolher todos os desabrigados. Uma boa parte do trabalho é feito pelas agências internacionais e pelas ONGs privadas. Neste contexto, se infiltram também organizações caritativas financiadas por grupos islâmicos radicais, que usam uma diferente denominação”, explica à Agência Fides um membro da “Comissão para os Direitos Humanos do Paquistão”, nota uma ONG paquistanesa.
“Ainda existem milhões de pessoas expostas à fome e à desnutrição”, disse ontem Valerie Amos, enviado especial da ONU ao Paquistão. Sete semanas depois do início da tragédia, crescem na sociedade civil, na política e na opinião pública os temores de que grupos radicais islâmicos utilizem a assistência humanitária para conquistar consenso e recrutar novos voluntários.
Segundo o Institute for Conflict Management (ICF), especializado na Ásia meridional, também estão ativas formações declaradas ilegais em nível internacional: “Grupos militantes como Harkat-ul-Jihad-al-Islami (HuJI), Jaish-e-Mohammad (JeM), Harkat-ul-Mujahideen (HUM), Jama’at-ud-Da’awa (JUD), Lashkar-e-Toiba (LeT), e grupos islâmicos radicais como Jamaat-e-Islami (JeI), estão se beneficiando da situação das inundações, coletando dinheiro a ser destinado às vítimas”.
As ajudas dos países muçulmanos e dos fiéis muçulmanos em todo o mundo se multiplicaram no mês do Ramadã, através do mecanismo da “Zakah”, a esmola obrigatória que todo muçulmano deve oferecer, sobretudo no final do Ramadã (a “Zakat al-Fitr”), oferta destinada às pessoas necessitadas.
A Organização da Conferência Islâmica (OIC), formada por 57 países muçulmanos, anunciou ajudas num valor de mais de um bilhão de dólares provenientes na sua maioria de países como Arábia Saudita, Turquia , Kuwait, Emirados Árabes e Qatar, sem especificar se essas ajudas passarão através do governo paquistanês ou de organizações independentes. O Primeiro-Ministro Yousuf Raza Gilani criticou abertamente fizeram doações a ONGs privadas. Por outro lado, os membros da associação muçulmana “Falah Insaniat Foundation”, muito ativa na ajuda às pessoas deslocadas em todo o território - expressão direta da “Jamaat au-Dawa” – declaram abertamente à imprensa: "as pessoas confiam mais em nós do que no governo".
Muitos observadores argumentam que as organizações islâmicas, legais ou ilegais, estão trabalhando de forma muito eficaz. "Para combater o extremismo islâmico, precisamos de uma ação humanitária global e coordenada entre Estado, agências internacionais e ONGs, para deixar pouco espaço a este oportunismo", disseram à Fides os voluntários católicos que trabalham no território. (PA) (Agência Fides 16/9/2010)


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