ÁFRICA/GUINÉ-BISSAU - Os Estados Unidos estão intencionados a aumentar a lista dos cidadãos da Guiné-Bissau suspeitos de tráfico de cocaína

Terça, 8 Junho 2010

Bissau (Agência Fides) – Os Estados Unidos estão elaborando uma lista de 120 nomes de cidadãos guineenses suspeitos envolvimento no tráfico de droga. Na lista constam nomes de políticos, parlamentares, empreendedores e militares da Guiné-Bissau cujos bens nos Estados Unidos foram congelados e serão submetidos a um enérgico controle por parte das instituições que combatem a criminalidade internacional.
Segundo Luanda Digital, que publicou a notícia, entre as empresas que podem ser atingidas pela medida das autoridades estadunidenses, está uma empresa de exportação de peixe de Bissau, administrada pelo filho do presidente da Guiné-Bissau.
Um dos fatores que causaram as primeiras suspeitas dos funcionários dos Estados Unidos foram as ligações da empresa com as Ilhas Canárias, o Senegal e Marrocos, países considerados importantes para a entrada de cocaína no território europeu.
Através da Guiné-Bissau nos últimos anos passaram centenas de toneladas de cocaína, provenientes da América Latina com destinação para a Europa. No país, que tem uma economia muito fraca, circula o dinheiro da droga que garante impunidade e proteções ao narcotraficantes.
A Guiné-Bissau está vivendo uma grave crise política proveniente dos fortes contrastes entre o Presidente Malam Bacai Sanha e Primo-Ministro Carlos Gomes Junior. O confronto na cúpula do Estado pode favorecer os militares guiados pelo almirante Bubo Na Tchuto, que recentemente voltou de Gâmbia, onde se refugiou para fugir da captura porque acusado de uma tentativa de golpe em 2008. Na Tchuto foi absolvido das acusações por um tribunal militar, um fato, segundo vários observadores, que demonstra a forte influência que o ex-chefe da marinha tem ainda no país.
No mês de abril, um grupo de militares guiados pelo general Antônio Njai, um aliado de Na Tchuto, seqüestrou por um breve período de tempo o primeiro-ministro Carlos Gomes Junior, considerado um inimigo dos traficantes de droga.
Na Tchuto foi inserido na lista estadunidense dos chefes do narcotráfico internacional. O acréscimo de uma centena de nomes nesta lista foi considerada por muitos observadores como uma tentativa para limitar o poder dos militares e dos funcionários, ligados aos traficantes, e reforçar os depositários do poder legítimo. (L.M.) (Agência Fides 8/6/2010)


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