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Antananarivo (Agëncia Fides) – É tarefa dos malgaxes encontrar uma solução à crise política que desde um ano e meio aflige o país. É o que afirmam os Bispos de Madagascar numa carta pastoral publicada no final da reunião plenária da local Conferência Episcopal.
No documento, enviado à Agência Fides, os Bispos analisam a difícil situação do país. “A insegurança – lê-se – reina em todo lugar, as famílias estão divididas, a desocupação aumenta, as divergências políticas provocam desordens, drogas de todo tipo se difundem por todo lado”. Os Bispos deploram que “alguns meios de comunicação desviam da vocação de informar incentivando paixões que podem fomentar uma guerra civil. O exército, último baluarte da nação, foi colocado à dura prova nos últimos tempos”. Desde março de 2009, depois da demissão do Presidente Marc Ravalomanana, na onde das pressões da oposição e de uma parte do exército, Madagascar vive uma grave crise política e institucional, porque os partidos locais não conseguem entrar em acordo para fazer eleições livres e transparentes.
A Conferência Episcopal critica as divisões políticas que impedem encontrar uma solução para a crise: “o diálogo está bloqueado porque ninguém quer ouvir o outro por causa das suspeitas e do ódio recíprocos. Consequentemente ninguém procura o bem comum, e o patriotismo perde vigor”. As Igrejas de Madagascar tem uma grande importância, “perderam sua dimensão profética, sua função de comunhão e a sua missão de guia não é ,aos visível”. Os Bispos afirmam “estar preocupados por causa do risco de instrumentalização da fé cristã, que é contrária ao ensinamento da Igreja Católica”.
Diante do insucesso encontrado até agora por diferentes mediadores internacionais, os Bispos chamam os malgaxes a se empenharem em favor da resolução da crise. “A mediação internacional é necessária, mas todos constatam que existem fortes limites, porque estamos nós malgaxes na origem do problema, e somente nós podemos encontrar a verdadeira solução”.
Os Bispos exortam os malgaxes à conversão, ao compromisso e ao retorno ao “Fihavanana”, um valor da cultura malgaxe, que se coloca no centro da relação entre os indivíduos para construir o bem comum. A este propósito existe um ditado local que pode ser traduzido de maneira não literal como “a relação é mais importante do que o dinheiro”. Um conceito que é citado na carta, que afirma: “O Fihavanana está muito doente. O amor pelo dinheiro e a busca sem medida pela glória são as causas. Isto exige uma solução urgente e clara não somente no âmbito político, na busca de uma verdadeira comunhão e por uma verdadeira solidariedade, no respeito pelos direitos humanos, na verdade e na caridade que Cristo nos ensina”.
Ao reiterar que a Igreja Católica não tem projetos políticos a propor, “os bispos concluem pedindo “eleições transparentes. Isto exige a participação de todos na organização para que a sua realização seja perfeita”. (L.M.) (Agência Fides 1/6/2010)
