ÁFRICA/QUÊNIA - As Igrejas cristãs aumentam as pressões para abolir a cláusula do projeto da nova Constituição que estabelece o início da vida no momento no nascimento

Sábado, 27 Março 2010

Nairóbi (Agência Fides) - “A Igreja Católica acredita com veemência que a luta contra o aborto é a luta em favor da família” - afirmou Sua Eminência o Cardeal John Njue, arcebispo de Nairóbi, durante um encontro ecumênico realizado em 24 de março na capital queniana.
O encontro, que contou com a participação de expoentes políticos, tinha como objetivo discutir o projeto da nova Constituição, cujo esboço apresentado pela Comissão Parlamentar para a Revisão constitucional provocou uma forte oposição da igreja porque contém uma cláusula que muda o início da vida da concepção para o nascimento (ver Fides 5/2/2010). O Cardeal Njue, segundo informa a Agência Católica CISA, pediu os parlamentares para rever a norma sobre o início da vida e reconhecer que a vida começa no momento da concepção.
O representante da Associação dos Médicos Católicos, Dr. Stephen Karanja, sublinhou que “nós estamos contra a morte de nossas crianças. Os médicos são guiados pelo juramento de Hipocrates que os impõe a fazer todo o possível para o preservar a vida humana”. Dr. Karanja adisse ainda que o aborto não faz parte das curas médicas, que as práticas de aborto danificam fisicamente as mulheres e que “nós temo o dever proteger as mães de nosso País”.
O Secretário-Geral da Aliança Evangélica do Quenia, Wellington Mutiso, afirmou que a “vida é sagrada e começa na concepção” e enfatizou a dignidade do ser humano do feto. Diante destas afirmações dos líderes das confissões cristãs o membro do Parlamento David Musila respondeu que as “problemáticas levantadas pela Igreja foram mais ou menos colocadas de lado, mas nem tudo está perdido. O parlamentar prometeu solicitar aos seus colegas a recolher votos necessárias a fim modificar a cláusula sobre o início da vida, de modo que a nação do queniana possa votar num clima de concórdia e unidade o referendo para a aprovação da nova Constituição.
Um outro ponto da proposta da revisão constitucional que provocou a oposição da Igreja Católica e das outras confissões cristãs é o reconhecimento dos tribunais civis muçulmanos, assim chamados “Kadhi courts”. Os líderes cristãos rejeitaram a criação das cortes islâmicas, propostas pelo constitucional, considerado uma estratagema para “elevar uma religião mais do que as outras”. Por sua vez os líderes islâmicos ameaçaram mobilizar a comunidade muçulmana para rejeitar a nova Constituição se ela não prevê a criação das cortes islâmicas. (L.M.) (Agência Fides 27/3/2010)


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